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Páginas do Livro de Satã
da Equipe de Articulistas
Segundo filme de Dreyer, "Páginas do Livro de Satã" (1919) é uma
espécie de cartão de visitas do que
viria a ser o cinema de seu autor.
Inspirado no esquema de "Intolerância" (1916), de Griffith, o filme se divide em quatro episódios
ambientados em diferentes épocas
históricas: na Jerusalém do tempo
de Cristo, na Espanha na época da
Inquisição, na Paris da Revolução
Francesa e na Finlândia ocupada
pelo Exército Vermelho em 1918.
O tema que une esses segmentos
é o da tentação exercida pelo demônio. Anjo decaído, Satã recebe
de Deus uma maldição: tem que
tentar levar o homem a fazer o mal.
No dia em que um indivíduo virtuoso resistir a seus apelos, sua pena será diminuída em mil anos.
Do ponto de vista formal, é um
Dreyer ainda tateante que se vê
aqui. Já domina a forma narrativa
e a composição da imagem, mas
ainda não cristalizou o seu estilo,
embora já se encontre, sobretudo
no último episódio, a atenção ao
rosto humano que caracterizará
toda a sua obra.
Mais que isso, chama a atenção a
concentração no tema básico que
norteará a carreira do diretor: a
guerra permanente entre o bem e o
mal no interior de cada homem.Uma espécie de plano-piloto de uma
das obras mais fulgurantes que o
cinema conheceria.
(JGC)
²
Vídeo: Páginas do Livro de Satã
Produção: Dinamarca, 1919, 112 min.
Direção: Carl T. Dreyer
Elenco: Helgen Nissen, Clara Pontopiddan
Lançamento: Continental
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