São Paulo, segunda, 26 de outubro de 1998

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Páginas do Livro de Satã

da Equipe de Articulistas

Segundo filme de Dreyer, "Páginas do Livro de Satã" (1919) é uma espécie de cartão de visitas do que viria a ser o cinema de seu autor.
Inspirado no esquema de "Intolerância" (1916), de Griffith, o filme se divide em quatro episódios ambientados em diferentes épocas históricas: na Jerusalém do tempo de Cristo, na Espanha na época da Inquisição, na Paris da Revolução Francesa e na Finlândia ocupada pelo Exército Vermelho em 1918.
O tema que une esses segmentos é o da tentação exercida pelo demônio. Anjo decaído, Satã recebe de Deus uma maldição: tem que tentar levar o homem a fazer o mal. No dia em que um indivíduo virtuoso resistir a seus apelos, sua pena será diminuída em mil anos.
Do ponto de vista formal, é um Dreyer ainda tateante que se vê aqui. Já domina a forma narrativa e a composição da imagem, mas ainda não cristalizou o seu estilo, embora já se encontre, sobretudo no último episódio, a atenção ao rosto humano que caracterizará toda a sua obra.
Mais que isso, chama a atenção a concentração no tema básico que norteará a carreira do diretor: a guerra permanente entre o bem e o mal no interior de cada homem.Uma espécie de plano-piloto de uma das obras mais fulgurantes que o cinema conheceria. (JGC) ²
Vídeo: Páginas do Livro de Satã Produção: Dinamarca, 1919, 112 min. Direção: Carl T. Dreyer Elenco: Helgen Nissen, Clara Pontopiddan Lançamento: Continental


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