São Paulo, Sexta-feira, 26 de Novembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRECHOS

págs. 162/163
"O ápice da influência de Roberto Marinho no governo se deu durante a Nova República. Influência pedida e acatada por Tancredo Neves e José Sarney. "Eu brigo com o ministro do Exército, mas não com Roberto Marinho", dizia Tancredo na formação de seu governo. Presidente eleito, ele escolheu Antônio Carlos Magalhães, dono da retransmissora da Rede Globo na Bahia, para ser o ministro das Comunicações. "O senhor se incomoda se Roberto Marinho lhe fizer o convite para ser ministro?", perguntou Tancredo a Antônio Carlos, querendo agradar o dono da Globo. "Não, não me incomodo, ele é meu amigo", respondeu o político. Mas Roberto Marinho não aceitou. Explicou a Tancredo que, se ele fizesse o convite, estaria enfraquecendo Antônio Carlos, que deveria ser visto como ministro do presidente, e não da Globo. Ao demitir Dilson Funaro do Ministério da Fazenda, o presidente José Sarney quis pôr no cargo o governador cearense Tasso Jereissati e articulou uma conversa entre ele e Roberto Marinho, Jereissati não foi ministro porque Ulysses Guimarães impôs Bresser Pereira, que ficou meses no Ministério. Novamente, Sarney organizou um encontro entre Roberto e seu candidato para o cargo, Mailson da Nóbrega. Eles se reuniram no escritório da Globo em Brasília no começo de 1988. Cortês, Roberto Marinho sabatinou Mailson da Nóbrega. Queria saber as idéias dele sobre inflação, câmbio, juros, tudo. Mailson saiu da sala e encontrou Antônio Carlos Magalhães, que entrou para falar com Roberto Marinho, voltou e lhe disse que o dono da Globo gostara da conversa. Dez minutos depois, antes que Sarney avisasse Mailson, o plantão do "Jornal Nacional" noticiou que ele era o novo ministro."

pág. 558
"Jorge Bornhausen chegou ao edifício Abril no começo da noite, acompanhado de Antônio Martins, seu assessor de imprensa, e Mauro Salles. Conversou brevemente com Roberto Civita. Em nenhum momento ele pediu que Civita não publicasse a entrevista. Quis saber o que Pedro Collor falava e o dono de "Veja" lhe disse que era melhor conversar comigo. Recebi o ministro em minha sala, junto com Tales Alvarenga e Paulo Moreira Leite. Ele lamentou a crise provocada pelo irmão do presidente. Disse que o ministério fora totalmente reformado e o governo estava recomeçando em novas bases. Não pediu que a entrevista não fosse publicada, mas indagou se nela havia fatos graves.
-"De que tipo, ministro?", perguntei.
-"Por exemplo, tem corrupção?'
-"Tem.'
-"Tem drogas?", prosseguiu Bornhausen.
-"Tem.'
-"Tem sedução?'
-"Tem.'
-"Tem rabo?'
-"Como, ministro?'
-"É, tem rabo, homossexualismo?'
-"Não, não tem.'
Bornhausen interrompeu o questionário. Conversamos mais um pouco e ele foi embora."


Texto Anterior: Os donos do (4º) poder
Próximo Texto: "Collor se fez em função de jornalistas, não de patrões"
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.