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A ELEIÇÃO
Graça está na simplicidade do filme
TETÉ RIBEIRO
especial para a Folha
Calma, não é o que parece à primeira vista. O filme "A Eleição",
que chega hoje aos cinemas de
São Paulo, com Matthew Broderick e Reese Witherspoon nos papéis principais, não é mais uma
dessas besteiras feitas para enganar adolescentes, como "American Pie - A Primeira Vez É Inesquecível" ou "Ela É Demais".
A história se passa durante a
eleição para presidente do grêmio
em uma escola de classe média
numa cidadezinha americana.
Sem truques de edição, nenhuma
revelação inacreditável, zero efeito especial, mas um bom roteiro e
a dose exata de humor, este é um
dos melhores filmes do ano.
"A Eleição" satiriza todo o processo eleitoral americano e não
deixa nenhuma piada por fazer a
respeito do "american way of life"
e toda essa cultura de ganhadores
e perdedores. Mas não é o caso de
entrar nesses assuntos sérios, amplos e infindáveis. Não é nada disso que faz do filme uma boa opção de lazer.
Ao contrário, a graça do segundo longa-metragem do diretor
Alexander Payne (o mesmo de
"Ruth em Questão", que contava
a história de uma "junkie" grávida que cai nas mãos de grupos
pró e contra o aborto ávidos por
um exemplo de vida) é sua simplicidade.
A personagem "do mal" é Tracy
Flick (Witherspoon), aluna da tal
escola, única candidata a presidente do grêmio estudantil. Ela é
"do mal" porque tem uma ambição descontrolada, não admite
nenhuma interferência no seu caminho, não mede esforços para
conseguir o que quer ("Insisto
que você me ajude a vencer a eleição amanhã", pede ela a Deus antes de dormir) e é muito chata.
O "do bem" é Jim McAllister
(Broderick), um professor feliz no
trabalho, apaixonado pela sua
mulher e OK com o nível de vida
que consegue ter. Dirige um carro
velho, ensina aos alunos a diferença entre moral e ética e odeia
Tracy, que, para piorar as coisas,
acaba com o casamento e o emprego de seu melhor amigo.
O professor McAllister decide
entrar em guerra contra Tracy e
tudo o que ela representa quando
convence um outro aluno, um esportista bonitão (Chris Klein, de
"American Pie", uma espécie de
Keanu Reeves de 10 anos atrás),
que é ruim da cabeça e está doente
do pé, a concorrer com Tracy na
eleição.
Matthew Broderick está muito
bem. Seu professor em "A Eleição" parece o lado B do cientista
que ele fez em "Godzilla". Mais
sacana, mais exposto. Mas faz rir
tanto quanto no seu maior sucesso, o filme "Curtindo A Vida
Adoidado" ("Ferris Bueller's Day
Off"), como um colegial que
transforma uma matada de aula
em uma festa de arromba.
Desta vez é tudo mais "low-profile". A interpretação de Broderick combina com a direção e a
história de "A Eleição". Tudo na
medida certa.
Avaliação:
Filme: A Eleição
Título original: Election
Produção: EUA, 1999
Diretor: Alexander Payne
Com: Matthew Broderick, Reese
Witherspoon, Chris Klein
Quando: a partir de hoje, nos cines ABC
Plaza Shopping 2, Belas Artes Mário de
Andrade, UCI Jardim Sul 8
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