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MÚSICA
Orquestra toca hoje e domingo com solistas e regente vencedores de um concurso interno de 97; ingressos vão de R$ 2 a R$ 8
Sinfônica Municipal exibe peças inéditas
IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha
Ingressos baratos, solistas talentosos, repertório raro e um regente promissor são as principais razões para ouvir, hoje e domingo, a
Orquestra Sinfônica Municipal.
Com solo do violoncelista Raïff
Dantas Barreto, a orquestra, regida por Mateus Araújo, faz a estréia brasileira do "Concerto nº 2
para Violoncelo e Orquestra" de
um dos maiores compositores
deste século, o russo Dmitri Chostakovitch.
Não é tudo: o conceituado clarinetista Luis Afonso Montanha
realiza a primeira audição paulistana do idiossincrático "Concerto
para Clarinete e Orquestra", do
dinamarquês Carl Nielsen. O outro solista da apresentação é Alexandre de León, que toca uma
"Fantasia para Viola e Orquestra", de Hummel, na qual o compositor inclui a citação de temas
da ópera "Don Giovanni", de Mozart.
Além disso, Araújo inclui no
programa dois trechos de óperas
pouco executadas por aqui: a
abertura de "Fierrabrás", de
Schubert, e a colorida "Procissão
dos Nobres", da ópera "Mlada",
de Rimski-Korsakov.
Com estréia hoje à noite, e reprise no domingo de manhã, o concerto é a premiação tardia de um
concurso interno feito em 97 na
Orquestra Sinfônica Municipal,
da qual fazem parte não apenas os
solistas, mas também o regente da
apresentação.
Com 28 anos de idade, Mateus
Araújo iniciou seus estudos musicais na infância, tornando-se violinista das orquestras Jazz Sinfônica e Sinfônica Municipal aos 18
anos.
Paralelamente a isso, desenvolveu uma carreira de compositor,
arranjador e pianista -é um excelente improvisador de jazz e
acompanhador de cantores.
Estudou regência com Davi Machado, Eleazar de Carvalho e
Henrique Gregori antes de ser indicado por Sir Simon Rattle para
as "International Conductors
Masterclasses".
Realizadas na Espanha, em janeiro deste ano, e contando com
apenas dez alunos selecionados
em todo o planeta, as "masterclasses" foram ministradas por
um dos mais renomados professores de regência da atualidade, o
finlandês Jorma Panula -que legou ao mundo jovens talentos como Esa-Pekka Salonen, Jukka-Pekka Saraste, Osmo Vänskä e
Sakari Oramo.
Coincidência ou não, após voltar da Espanha, Araújo foi escolhido, em maio, como regente da
Jazz Sinfônica, em votação feita
pelos próprios musicistas da orquestra.
De lá para cá, regeu a Jazz no
Cultura Artística, no Festival de
Inverno de Campos do Jordão, na
Sala São Paulo e no Memorial da
América Latina.
Problemas na estrutura
Embora conte com bons musicistas em seus quadros, a Orquestra Sinfônica Municipal, na temporada em que comemora 50
anos de existência, tem realizado
uma série de concertos problemática, com cancelamentos de última hora, trocas de programa e
queixas dos músicos sobre atrasos nos ensaios e o estado de conservação dos instrumentos (como
tímpano e campana, além da falta
de um instrumento de cinco cordas no naipe de contrabaixos).
Consequência inevitável: o nível
artístico tem oscilado bastante, e
os concertos da orquestra acabam
reunindo um número exíguo de
espectadores.
Resta torcer para que iniciativas
como essa, de promover novos
nomes e um repertório de bom
gosto, possam convencer o público a voltar ao Municipal.
Concerto: Orquestra Sinfônica
Municipal
Regente: Mateus Araújo
Quando: hoje, às 21h; dom, às 11h
Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de
Azevedo, s/n., tel. 0/xx/11/222-8698)
Quanto: de R$ 2 a R$ 8
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