São Paulo, Sexta-feira, 26 de Novembro de 1999


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MÚSICA
Orquestra toca hoje e domingo com solistas e regente vencedores de um concurso interno de 97; ingressos vão de R$ 2 a R$ 8
Sinfônica Municipal exibe peças inéditas

IRINEU FRANCO PERPETUO
especial para a Folha


Ingressos baratos, solistas talentosos, repertório raro e um regente promissor são as principais razões para ouvir, hoje e domingo, a Orquestra Sinfônica Municipal.
Com solo do violoncelista Raïff Dantas Barreto, a orquestra, regida por Mateus Araújo, faz a estréia brasileira do "Concerto nº 2 para Violoncelo e Orquestra" de um dos maiores compositores deste século, o russo Dmitri Chostakovitch.
Não é tudo: o conceituado clarinetista Luis Afonso Montanha realiza a primeira audição paulistana do idiossincrático "Concerto para Clarinete e Orquestra", do dinamarquês Carl Nielsen. O outro solista da apresentação é Alexandre de León, que toca uma "Fantasia para Viola e Orquestra", de Hummel, na qual o compositor inclui a citação de temas da ópera "Don Giovanni", de Mozart.
Além disso, Araújo inclui no programa dois trechos de óperas pouco executadas por aqui: a abertura de "Fierrabrás", de Schubert, e a colorida "Procissão dos Nobres", da ópera "Mlada", de Rimski-Korsakov.
Com estréia hoje à noite, e reprise no domingo de manhã, o concerto é a premiação tardia de um concurso interno feito em 97 na Orquestra Sinfônica Municipal, da qual fazem parte não apenas os solistas, mas também o regente da apresentação.
Com 28 anos de idade, Mateus Araújo iniciou seus estudos musicais na infância, tornando-se violinista das orquestras Jazz Sinfônica e Sinfônica Municipal aos 18 anos.
Paralelamente a isso, desenvolveu uma carreira de compositor, arranjador e pianista -é um excelente improvisador de jazz e acompanhador de cantores.
Estudou regência com Davi Machado, Eleazar de Carvalho e Henrique Gregori antes de ser indicado por Sir Simon Rattle para as "International Conductors Masterclasses".
Realizadas na Espanha, em janeiro deste ano, e contando com apenas dez alunos selecionados em todo o planeta, as "masterclasses" foram ministradas por um dos mais renomados professores de regência da atualidade, o finlandês Jorma Panula -que legou ao mundo jovens talentos como Esa-Pekka Salonen, Jukka-Pekka Saraste, Osmo Vänskä e Sakari Oramo.
Coincidência ou não, após voltar da Espanha, Araújo foi escolhido, em maio, como regente da Jazz Sinfônica, em votação feita pelos próprios musicistas da orquestra.
De lá para cá, regeu a Jazz no Cultura Artística, no Festival de Inverno de Campos do Jordão, na Sala São Paulo e no Memorial da América Latina.

Problemas na estrutura
Embora conte com bons musicistas em seus quadros, a Orquestra Sinfônica Municipal, na temporada em que comemora 50 anos de existência, tem realizado uma série de concertos problemática, com cancelamentos de última hora, trocas de programa e queixas dos músicos sobre atrasos nos ensaios e o estado de conservação dos instrumentos (como tímpano e campana, além da falta de um instrumento de cinco cordas no naipe de contrabaixos).
Consequência inevitável: o nível artístico tem oscilado bastante, e os concertos da orquestra acabam reunindo um número exíguo de espectadores.
Resta torcer para que iniciativas como essa, de promover novos nomes e um repertório de bom gosto, possam convencer o público a voltar ao Municipal.


Concerto: Orquestra Sinfônica Municipal Regente: Mateus Araújo Quando: hoje, às 21h; dom, às 11h Onde: Teatro Municipal (pça. Ramos de Azevedo, s/n., tel. 0/xx/11/222-8698) Quanto: de R$ 2 a R$ 8

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