São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Designer cria ícones para artistas nacionais

Livro apresenta 101 representações de músicos e bandas brasileiras e desafia o leitor a descobrir quem é quem

"Poptogramas Brasilis", de Daniel Motta, brinca com nomes ou situações vividas pelos artistas; versão internacional saiu em 2005


IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um bonequinho, desses que estampam a porta do banheiro masculino, com uma diferença: esse está segurando um ramalhete de rosas. Resposta: Roberto Carlos.
Outro bonequinho, dessa vez soterrado por calcinhas: Wando! Um balão tirando um coelho da cartola: eis o Balão Mágico. Um olho gigantesco, vermelho: trata-se do Planet Hemp, a banda que ficou famosa por músicas que pregam a liberação da maconha.
É assim, brincando com situações vividas por artistas -ou com os nomes deles-, que o designer Daniel Motta passa grande parte de seu tempo ocioso desde 2005, quando desenhou um morcego sem cabeça e perguntou ao colega da mesa do lado se aquilo não era obra de Ozzy Osbourne -cantor das banda de heavy metal Black Sabbath, que se notabilizou por comer um morcego vivo no palco nos anos 70.

Ócio
Pois aquele morcego com a cabeça faltando parecia mesmo obra do roqueiro inglês, e assim a brincadeira começou. "Eu era sócio da revista "Zero", que fechou. Fiquei no escritório sem fazer nada e aí comecei a desenhar bandas de que gostava", conta Motta, 28. O esforço resultou no livro "Poptogramas", lançado naquele mesmo ano, que reunia ícones de bandas e artistas internacionais.
Motta cunhou ainda a expressão "poptograma", unindo a palavra "pictograma" (representação de objetos de forma figurativa ou simbólica) à idéia "pop" do mundo da música.
O livro, lançado pela Altamira Editorial, foi um sucesso de público e crítica. Ganhou, inclusive, duas exposições. Uma delas, em fevereiro de 2007, aconteceu no metrô de São Paulo. "Foi uma exposição itinerante, em várias estações.
Passou, por exemplo, pela Vila Madalena, Paraíso, Capão Redondo." Outra exposição aconteceu em maio deste ano, na loja de papéis especiais Fine Papers, no Cambuci.

Decifrar
Motta lança agora a versão nacional dos poptogramas, em gestação há cerca de um ano.
São 101 ícones, desde nomes da velha-guarda, como Nelson Ned ou Ronnie Von, até do rock independente atual, como Astronauta Pingüim ou Autoramas. "O grande barato é decifrar e virar a página para ver se você acertou", diz Motta.
Ele conta como faz para capturar suas "vítimas": "Inicialmente escolho alguém pelo nome. Biquíni Cavadão, por exemplo, desenhei um biquíni enterrado e um cara cavando até ele. Outros, escolho por histórias engraçadas ou marcantes relacionadas aos artistas, como no caso do Planet Hemp ou do Wando".
"Alguns não saem de jeito nenhum, Fiquei dias pensando no Ira!, mas não rolou. Outro problema que enfrento é quando é óbvio demais. O Sepultura, por exemplo. Achei que desenhar uma sepulturinha seria sem graça. Tenho um carinho pela banda e queria fazer algo especial. Acabou ficando de fora."
Quanto aos que entraram, Motta tem lá seus preferidos.
Um deles é o Ratos de Porão, banda do apresentador João Gordo: "Fiz o Mickey Mouse num porãozinho, brincando com o fato de usar um personagem da Disney para retratar uma banda punk".
A exemplo da versão internacional, "Poptogramas Brasilis" sai com 2.500 exemplares, num formato quadrado, pouco maior que um CD, impresso em papel couché.
No site www.poptogramas.com.br é possível comprar os dois livros com desconto, canecas com alguns dos ícones estampados e ainda uma versão da obra que vem numa caixa especial, imitando uma simpática vitrolinha.


POPTOGRAMAS BRASILIS
Autor: Daniel Motta
Editora: Altamira
Quanto: R$ 40 (228 págs.)


Texto Anterior: Crítica/"Coração de Tinta - O Livro Mágico": Longa desperdiça homenagem à literatura
Próximo Texto: Televisão: De sertanejo a emo, música é estrela de especiais de fim de ano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.