São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

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Produtores buscam alternativas

da Reportagem Local

A superação das metas estabelecidas pelo próprio MinC para seu modelo de financiamento não significa, no entanto, o final das críticas -tanto sobre os caminhos estéticos e o conteúdo das obras, quanto sobre a permanência da formação de um mercado cultural no país.
O cinema, maior movimentador de recursos, é o caso exemplar. Por trás da diversidade de temas e das diferentes gerações de cineastas, emerge como traço comum a preocupação em atender exigências de qualidade no acabamento das produções.
Tal necessidade impera, deixando qualquer outra em segundo plano, pois o objetivo da produção audiovisual brasileira hoje, para governo e grande parte dos produtores e cineastas, é integrar um mercado internacionalizado.
Isso significa inserção de filmes e profissionais brasileiros, até como mão-de-obra especializada, fora do país.
Para o cineasta Walter Lima Jr. ("A Ostra e o Vento") esse caminho é irreversível, apesar de trazer algumas consequências negativas. "O importante é que sempre haverá cineastas que fugirão do padrão, que farão seus filmes como querem", afirmou.
Entre produtores, mesmo a facção que defende os moldes adotados pelo MinC se mobiliza para levantar outras alternativas.
Dois produtores diferentes como Luiz Carlos Barreto ("O Que É Isso, Companheiro?") e Renato Bulcão ("Os Matadores") -o primeiro, tradicional produtor do Rio, e o segundo de São Paulo, da nova geração- propõem, cada um a seu modo, a criação de fundos de investimento, independentes da concessão de desconto no Imposto de Renda.
Essas alternativas garantiriam a produção mesmo que a Lei do Audiovisual deixe de existir, como está programado, em 2002.
A atividade também corre o risco de perder um grande patrocinador este ano.
É que as empresas de Telecomunicações podem ser privatizadas em 98. Junto com a Petrobrás, são responsáveis por dois terços dos investimentos. E a Telesp ocupa o primeiro lugar como investidora.
Além disso, a crise econômica, que quase provocou cortes nas porcentagens e verbas destinadas à cultura, pode provocar uma redução nos valores investidos este ano.



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