São Paulo, sexta, 27 de fevereiro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Blooming quer fugir dos estigmas de hotel

especial para a Folha

Não é muito comum, mas um restaurante de hotel -o Blooming, do Transamérica de São Paulo- vem tentando fugir do lugar comum. Seus pratos exibem uma cozinha diferenciada, fora dos padrões hoteleiros. Fora inclusive dos padrões de preços, que costumam ser altos.
É verdade que, para ter um público que vá além dos hóspedes (os quais frequentemente preferem circular mais para o centro da cidade), o Blooming tem que se esforçar.
Isso porque, se normalmente os restaurantes de hotel não exercem grande atração para os paulistanos, a situação pode ser mais grave no caso do Transamérica, que, às margens do rio Pinheiros, já nos lados de Santo Amaro, fica bem fora dos centros gastronômicos da cidade.
É verdade que o restaurante é confortável, mas está longe de ser bonito ou visualmente atraente. E não basta como atrativo a vista da piscina, por mais que distraia o olhar da habitual paisagem de concreto.
É preciso então investir na cozinha... coisa que o hotel tem feito pelas mãos do chef francês Christophe Chabro, que demonstra ter liberdade para experimentar opções diferentes da chamada cozinha internacional, eivada de chavões.
O atual cardápio mostra seu esforço em mesclar a culinária francesa com ingredientes brasileiros. Não é novidade, mas num hotel vira um atrativo para quem busca alguma excitação do paladar.
Intenção e gesto
Também não quer dizer que o chef seja sempre feliz na confecção dos pratos: resta ainda um bom caminho a percorrer entre a intenção e o gesto.
Exemplos: um bem elaborado tartare de badejo com maçã, manga e tomate, em molho de maracujá, com salada verde.
E uma massa curiosa -o tortei recheado com abóbora moranga e carne-seca desfiada ao molho de jabuticaba: um pouco mais de carne no recheio, para acentuar o contraste do sal com a doçura da moranga, e um molho menos doce, poderiam realçar ainda mais o prato.
Já no badejo frito no azeite com ratatouille, calda de maracujá e gengibre fresco, a idéia é boa, e os legumes, delicados -mas o peixe experimentado estava além do ponto, seco.
Assim como passou completamente do ponto, uma pena, o peito de pato com banana-da-terra frita e feijão fradinho: se vermelha e suculenta, a ave teria dado nova cor à combinação. Detalhes que podem jogar uma boa idéia no abismo. (JM)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.