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Blooming quer fugir dos estigmas de hotel
especial para a Folha
Não é muito comum, mas
um restaurante de hotel -o
Blooming, do Transamérica de
São Paulo- vem tentando fugir do lugar comum. Seus pratos exibem uma cozinha diferenciada, fora dos padrões hoteleiros. Fora inclusive dos padrões de preços, que costumam ser altos.
É verdade que, para ter um
público que vá além dos hóspedes (os quais frequentemente preferem circular mais para
o centro da cidade), o Blooming tem que se esforçar.
Isso porque, se normalmente
os restaurantes de hotel não
exercem grande atração para
os paulistanos, a situação pode
ser mais grave no caso do
Transamérica, que, às margens
do rio Pinheiros, já nos lados
de Santo Amaro, fica bem fora
dos centros gastronômicos da
cidade.
É verdade que o restaurante é
confortável, mas está longe de
ser bonito ou visualmente
atraente. E não basta como
atrativo a vista da piscina, por
mais que distraia o olhar da habitual paisagem de concreto.
É preciso então investir na
cozinha... coisa que o hotel tem
feito pelas mãos do chef francês Christophe Chabro, que
demonstra ter liberdade para
experimentar opções diferentes da chamada cozinha internacional, eivada de chavões.
O atual cardápio mostra seu
esforço em mesclar a culinária
francesa com ingredientes brasileiros. Não é novidade, mas
num hotel vira um atrativo para quem busca alguma excitação do paladar.
Intenção e gesto
Também não quer dizer que
o chef seja sempre feliz na confecção dos pratos: resta ainda
um bom caminho a percorrer
entre a intenção e o gesto.
Exemplos: um bem elaborado tartare de badejo com maçã, manga e tomate, em molho
de maracujá, com salada verde.
E uma massa curiosa -o
tortei recheado com abóbora
moranga e carne-seca desfiada
ao molho de jabuticaba: um
pouco mais de carne no recheio, para acentuar o contraste do sal com a doçura da moranga, e um molho menos doce, poderiam realçar ainda
mais o prato.
Já no badejo frito no azeite
com ratatouille, calda de maracujá e gengibre fresco, a idéia é
boa, e os legumes, delicados
-mas o peixe experimentado
estava além do ponto, seco.
Assim como passou completamente do ponto, uma pena,
o peito de pato com banana-da-terra frita e feijão fradinho: se vermelha e suculenta, a
ave teria dado nova cor à combinação. Detalhes que podem
jogar uma boa idéia no abismo.
(JM)
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