São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
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"A história me dará razão", disse marquês em 1812

da Reportagem Local

Nascido em 2 de junho de 1740, Donatien Alphonse François de Sade passou mais da metade de seus 74 anos na prisão, acusado, principalmente, de libertinagem.
Filho de uma família tradicional, foi condenado à morte duas vezes e preso outras tantas.
Seu primeiro escândalo aconteceu quando foi acusado de torturar a prostituta (ou mendiga) Rosa Keller, a quem, dizem, chegou a ferir diversas vezes com navalha.
Entre suas obras-primas, além de "A Filosofia na Alcova", estão "Os 120 Dias de Sodoma" e "Justine ou os Infortúnios da Virtude".
"Sua literatura é muito chocante, principalmente neste século cruel em que vivemos", afirma a professora Eliane Robert Moraes, especialista na obra do marquês.

Irredutível
Quase totalmente esquecido no século 19, Sade teve seu trabalho recuperado, em especial, nos anos 50 e 60. Seu nome acabou até batizando uma linha de três champanhes franceses.
Em 1834, apareceu pela primeira vez o termo sadismo, na oitava edição corrigida e aumentada do "Dictionnaire Universel", de Boiste: "Aberração horrível do deboche; sistema monstruoso e anti-social que revolta a natureza".
Em 1909, teve início a recuperação de sua literatura, quando Apollinaire lançou uma antologia e uma biografia do marquês.
Eliane, no prefácio do relançamento de "A Filosofia na Alcova", em 95, escreve: "Na verdade, Sade continua sendo irredutível a toda e qualquer interpretação (...). Ele é bom para nós pensarmos".
Em 2 de dezembro de 1814, o escritor morreu em um hospício na França. Dois anos antes, em uma carta a seu filho, apostou: "Estou certo de que a história me dará razão". (ES)


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