São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
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Alice Hoffman diz que não sente ciúme do filme

ERIKA SALLUM
da Reportagem Local

Autora de best sellers habituada a figurar nas listas de livrosmais vendidos dos EUA, a americana Alice Hoffman chega às livrarias brasileiras com "Da Magia à Sedução" (Rocco). A publicação do romance no país pega carona no sucesso recente do filme homônimo baseado na obra de Hoffman e estrelado por Sandra Bullock e Nicole Kidman.
O livro -bastante diferente de sua versão cinematográfica- conta a história de Sally e Gillian, duas garotinhas órfãs descendentes de um família de mulheres com poderes paranormais.
Belas e sensíveis, as bruxas acabam sendo rejeitadas pela cidadezinha onde moram, principalmente quando se mudam para a casa de duas tias solteironas.
Cercado por Lua cheia, poções mágicas, gato preto e girl power, "Da Magia à Sedução" é uma espécie de "Thelma e Louise" esotérico, em que duas mulheres independentes lutam contra a solidão.
Escritora desde os 22 anos, Hoffman já lançou 12 livros -o último deles, "Here on Earth", foi sucesso de vendas nos EUA em 98. Leia a seguir trechos da entrevista que ela deu à Folha, por telefone, de sua casa, em Nova York.

Folha - O que a levou a escrever um livro sobre duas bruxas?
Alice Hoffman -
É difícil responder, porque, quando começo a escrever um livro, normalmente não sei sobre o que será. Sempre tive um interesse enorme em bruxas e em mulheres com poderes. Estava visitando um amigo em Salem (cidade na costa norte de Massachusetts que, em 1692, enforcou 19 pessoas por bruxaria) e então os personagens surgiram.
Folha - Você gostou do resultado do filme baseado em seu livro?
Hoffman -
São duas coisas absolutamente diferentes, apesar de eu gostar muito do filme. Também sou roteirista, então sei que é muito complicado esse trabalho, porque um romance e um filme são experiências distintas. Um romance é muito interior, está dentro da cabeça das pessoas e muitas vezes não funciona em um filme. Mas acho que Bullock e Kidman estavam maravilhosas. As duas pareciam irmãs de verdade. Tanto o filme como o livro mostram o aspecto principal da obra, que é o sentimento de um outsider. O livro é sobre isso: o significado da amizade.
Folha - Mas um autor sempre sente um certo ciúme ao ver sua obra na tela.
Hoffman -
Não me senti desse jeito. Já adaptei livros de outras pessoas para o cinema e não dá para ser fiel, é impossível. Sabia desde o começo que ia ser assim.
Folha - Não te incomoda ser chamada de best seller?
Hoffman -
Eu comecei a escrever há tanto tempo... Tenho 12 romances e publiquei meu primeiro livro aos 22. Levei tantos anos para ter meu trabalho chamado de best seller que não ligo para isso. Acho que as pessoas nos EUA estão lendo mais, e esse tipo de pensamento mudou muito.
Folha - Você já foi selecionada pela revista "Entertainment Weekly" como uma das cem pessoas mais criativas do entretenimento. Esse tipo de reconhecimento muda a vida de um escritor?
Hoffman -
Muda se for seu primeiro livro. Se o autor for muito jovem, isso pode ser perturbador. Do contrário, não muda nada. No meu caso, acho que tenho sorte, porque escrevo meus livros para mim mesma e as outras pessoas acabam gostando.
Folha - Mas, apesar de escrever para si mesma, você não acha que um livro pode mexer com a vida de quem o lê?
Hoffman -
Quando escrevo, acho que quero ensinar alguma coisa para mim mesma. Nunca pensei na responsabilidade que é fazer um livro. Se consigo passar um mensagem para alguém, ótimo, mas não é essa a minha intenção.

Livro: Da Magia à Sedução Autora: Alice Hoffman Lançamento: editora Rocco
Quanto: R$ 28 (261 págs.)


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