LUIZ CAVERSAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Na próxima segunda-feira, São Paulo recebe um verdadeiro batalhão de produtores de vinho. Serão mais de 60, mas, muito mais que a quantidade, o que interessa no caso é a qualidade: trata-se de uma boa amostra do que tem de mais importante em termos de vinho de alto padrão que se faz hoje no mundo, com destaque para países como Espanha, França, Itália, Portugal, Chile, Argentina e até mesmo Alemanha.
Entre as muitas atrações do evento, os produtores de três vinhos que estão na lista dos dez melhores da publicação especializada "Wine Spectator", a mais prestigiada do ramo.
Os vinicultores estarão aqui para o encontro Mistral 2004, promovido pela importadora do mesmo nome, que, depois de três dias em São Paulo, segue para o Rio de Janeiro e Brasília.
Além de fazer a festa dos aficionados, essa será uma boa oportunidade para os simpatizantes não-especialistas em vinho manterem contato com produtos que têm pelo menos uma característica em comum: qualidade reconhecida internacionalmente.
Alguma coisa do tipo: isso é realmente bom. Ou seja, será possível ter acesso a um universo de informações normalmente distante daquele consumidor que tem alguma noção das particularidades da bebida mais festejada no mundo gastronômico e que está procurando se aprimorar, estabelecendo parâmetros.
As características do encontro também vão favorecer esse contato com a qualidade. Não há marketing, cada produtor recebe um espaço semelhante ao outro, sem distinção de país, e apresenta seus produtos à degustação, dispondo-se a conversar com o visitante -sem intérprete, é bom que se diga-, esclarecer dúvidas e trocar figurinhas.
Esse esquema informal cria situações inusitadas, conforme conta Ciro Lilla, da Mistral: "No ano passado, quem conversava com François Faiveley, produtor da Borgonha, não tinha idéia de que era um milionário, cuja família fornece equipamentos para o TGV, o trem-bala da França".
Neste ano, a estrela do encontro deverá ser o espanhol Telmo Rodriguez, conhecido como "driving-winemaker", uma vez que percorre seu país de carro à procura de novos redutos para desenvolver vinhos de alta qualidade, adequados a cada "terroir" (característica do local em que se planta a uva) e responsável por marcas de prestígio.
Quanto aos vinhos propriamente ditos, vale a pena prestar atenção em alguns exemplares, como estes selecionados pela Mistral: Beaune Clos des Mouches e Côte Rôtie Les Bécasses, França; Grandarella, Barolo Castiglioni e Brunello di Montalcino Costanti, Itália; Porto Graham's Six Grapes, Quinta do Carmo Reserva e Meandro, Portugal; Dehesa Gago (produzido por Telmo Rodriguez) e Cepa Gavilan, Espanha; Vega Sicilia, Hungria; Dr. Bürklin-Wolf Riesling Trocken, Alemanha; Sonoma County Zinfandel, EUA; Concert Pinot Noir, África do Sul; Montes Alpha Cabernet Sauvignon, Chile; Alamos Malbec, Argentina; Bin 389 Cabernet Shiraz, Austrália; Cisplatino, Uruguai.