São Paulo, quinta-feira, 27 de maio de 2004

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MÚSICA

Espaço tem direção artística de Wynton Marsalis

NY ganha a primeira sala do mundo construída especialmente para jazz

BEN RATLIFFE
DO "NEW YORK TIMES"

Apenas um especialista em acústica pensaria duas vezes antes de ganhar uma nova "casa" com janelas que vão do chão ao teto, de 15 m por 27 m, com vista para o Central Park. Essas janelas, situadas ao centro dos quinto e sexto andares do Time Warner Center, no Columbus Circle, serão ao mesmo tempo a face pública e o maior desafio acústico da nova "casa" do Jazz at Lincoln Center, a sala Frederick P. Rose Hall.
Na condição de primeira casa de shows do mundo construída especificamente para o jazz, a sala representa um marco para o jazz como forma de arte americana. "Todo mundo tinha consciência de que estávamos fazendo algo histórico", disse Wynton Marsalis, o diretor artístico do espaço.
A obra deve ser concluída até o final de julho e, após um verão pontuado por ajustes e shows reservados para a "afinação", será inaugurada em 18 de outubro.
Erguida sobre um terreno de alto valor, com um orçamento de US$ 128 milhões, a obra é o reconhecimento do gênero.
Situado no meio do Time Warner Center, sobre lojas elegantes e restaurantes de luxo, o espaço poderia ser interpretado como símbolo da idéia de que o jazz é um luxo. Wynton Marsalis rejeita essa premissa. "Desde o início, fizemos todo o possível para nos aproximarmos da comunidade, dizendo que a música está aqui e é para o povo. Esta é a sala do povo. Está sendo erguida com o dinheiro do povo", disse. A Prefeitura de Nova York doou US$ 28 milhões; o Estado de Nova York contribuiu com outros US$ 3,5 milhões, e o governo federal, com US$ 2,2 milhões. O Jazz at Lincoln Center já levantou quase todo o restante do orçamento junto a doadores privados, faltando US$ 14 milhões.
Quando o Time Warner Center estava sendo planejado, a prefeitura exigiu que incluísse uma presença significativa para as artes. Sob a égide do então prefeito Rudolph Giuliani, amante da ópera, essa idéia iria, originalmente, traduzir-se em um teatro de ópera. Parte da nova instituição de jazz ainda poderá sediar apresentações de ópera em escala total. Mas o centro foi criado com vistas ao jazz e ao ensino do jazz.
Diferentemente da maioria dos centros de arte performática, o complexo vai incluir um centro moderno de gravação e transmissão de áudio e vídeo, preparado para produzir desde rádio e televisão de alta definição até aprendizado à distância pela internet.
Desde 1991, o Jazz at Lincoln Center apresentou a maioria de seus concertos nas salas Alice Tully e Avery Fisher Halls. São auditórios que estão longe de serem ideais para o jazz, já que foram construídos para abrigar concertos de música erudita acústica.
O jazz exige ambientes que tenham menos reverberação do que as salas de música erudita, mas que não sejam tão absorventes a ponto de fazer o som dos instrumentos perder seu calor. A maioria dos ambientes que possui acústica boa para grupos de jazz tem sido descoberta por acaso: clubes em porões, salões de baile lotados, pequenas casas de ópera. E são esses os lugares que serviram de modelo para a casa.
A sala Rose Hall vai incluir um espaço de concertos, um misto de cabaré e salão de baile e um clube pequeno que terá apresentações diárias de músicos de jazz.
A sala de concertos, Rose Theater, foi inspirada nas pequenas casas de ópera italianas. Foi projetada para ser flexível, já que também se pretende que seja usada para exibições de filmes, apresentações de dança, teatro e ópera.
O teatro inclui ainda 11 torres móveis que contêm fileiras de assentos -Marsalis os compara a varandas em Nova Orleans-, de modo que o público pode variar entre 1.100 e 1.231 pessoas.


Tradução Clara Allain


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