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CINEMA/ESTRÉIA
BILHETERIA
Produtor do longa "A Paixão de Jacobina", dirigido por seu filho, deseja competir com "Cidade de Deus"
Clã Barreto quer filmes para a massa
MARCELO REZENDE
DA REPORTAGEM LOCAL
A família Barreto estréia um
novo filme. Entre a produção e a
direção, entre Luiz Carlos e seus
filhos, há muito da história do cinema brasileiro, e também recordes de bilheteria. Com "A Paixão
de Jacobina", de Fábio Barreto, o
clã espera reencontrar o grande
público e assim prosseguir na assumida vocação de obras imensamente populares.
""A Paixão de Jacobina" poderá
alcançar algo entre 700 mil e 1 milhão ", disse à Folha Luiz Carlos
Barreto, que aos 74 anos mantém
um feito até o momento insuperado: 12 milhões de espectadores
para um filme brasileiro. Isso
aconteceu em 1978, com "Dona
Flor e Seus Dois Maridos", de
Bruno Barreto.
Os anos 90 foram menos generosos com a ambição de levar "a
massa" para as salas de cinema.
Houve "O Quatrilho" (1995), de
Fábio, e seus 1.109.627 espectadores. Uma feliz marca, apesar de
não ter se repetido durante a década.
"O Que É Isso, Companheiro"
(1996), de Bruno Barreto, chegou
aos 315.349; no ano seguinte, "Bela Donna", de Fábio, conseguiu
400 mil, enquanto "Bossa Nova"
(1999), mais uma vez com Bruno,
atingiu 670 mil pagantes.
Fábio Barreto saberia agora o
que o público, após "Central do
Brasil", de Walter Salles, ou "Cidade de Deus ", de Fernando Meirelles, quer ver nas telas?
"Tematicamente, a pluralidade", diz Fábio, 45, que também falou à Folha. "As pessoas querem
boas e bem contadas histórias,
que contenham de cinco a dez cenas fortes, impressionantes."
Mas há ainda alguns detalhes.
Uma certa noção de respeito, diz
Luiz Carlos: "Um filme tem que
contar com qualidades comerciais e artísticas. É preciso que ele
respeite a audiência e acrescente
algo ao gosto da platéia".
É possível pensar em uma fórmula de sucesso? Fábio Barreto
afirma não haver bola de cristal.
Talvez, uma intuição. "Faço cinema para passar o conteúdo de certas coisas para o público, e quanto
maior ele for, melhor", diz.
"Quero que meus filmes encham os cinemas e tenham filas",
continua. "Não se pode desperdiçar a oportunidade de fazer cinema para o grande público. Só assim teremos uma indústria."
Luiz Carlos usa "Cidade de
Deus" como um exemplo para
reafirmar sua crença de ser o cinema o território da surpresa. ""Cidade de Deus" segue uma fórmula
não-comercial. É um belíssimo
filme, mas olhando o roteiro você
poderia supor que um filme sobre
violência não funcionaria."
Isso, claro, pode ser lido como
um sinal. Ao menos para produtores de cinema. Luiz Carlos Barreto pensa estar o mercado nacional vivendo uma revitalização,
uma retomada. Assim ele produz;
e seus filhos, filmam.
"Acho que os brasileiros estão
reconquistando o espaço perdido. A nossa participação no mercado, nos anos 70, chegou a 42%.
Nos 90, fomos reduzidos a 0%",
diz ele. Luiz Carlos fala sobre os
próximos projetos da produtora;
sempre, como afirma, com a perspectiva de um grande público. Para ele, será possível em algum instante igualar ou superar os números de "Dona Flor".
"Acredito nisso. Os "Titanics" e
"Harry Potters" da vida fazem 7
milhões de espectadores. Estamos
rodando "O Caminho das Nuvens", no Ceará; preparamos "Eros
Agreste", que será tão violento
quanto "Cidade de Deus"."
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