São Paulo, sexta-feira, 27 de setembro de 2002

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ERIKA PALOMINO

NOVA YORK ACONTECE: A CIDADE E A MODA

Nova York voltou a acontecer. As pessoas levantaram a cabeça do chão, voltaram a olhar para cima, o que o agradável calor reforçava. Mesmo tão perto de 11 de setembro, mesmo sob um dramático noticiário de guerra, a energia da cidade reaparece. Os novos designers apresentam preços mais acessíveis e a moda alternativa ganha terreno frente aos gigantes do marketing global. Taí Miguel Adrover de novo. Cidadão do Mundo é o tema de sua coleção, Epcot Center fashion. Não da parte previsível, mas da alma de diferentes povos. Um folk de rua, inspirado, inteligente, com muito da interpretação pessoal do estilista. Sem muitos recursos (pouquíssimos, aliás), ele prova que há sempre espaço para o verdadeiro talento: a verdade em cada uma das peças, o caimento, a técnica perfeita, o estilo de rua. E até o Brasil apareceu: no jeito jogado e maloqueiro vindo dos cariocas, na franja inspirada nos cabelos dos indígenas. Tinha até um vestido representando a esperança mundial, tipo ONU, aplaudidíssimo. Adrover é um criador. Mais de Nova York? Confira o darling Zac Posen, Esteban Cortazar, Hathereatte e Rick Owens no www.erikapalomino.com.br


A jornalista Erika Palomino viajou a convite da Amni.

BOOTLEG, DE NOVO

O bootleg tomou conta. A idéia é juntar uma coisa com a outra, de preferência algo que não tenha a ver com nada. O CD que eu mais gosto do gênero é "As Heard on Radio Soulwax 2", do projeto Two Many DJs, (www.2manydjs.org).
A cara-de-pau dos bootleggers atuais não tem limites, e eles estão juntando The Strokes com Christina Aguilera, Emerson Lake & Palmer com Basement Jaxx e Missy Elliot com The Cure. Os novos elementos do bootleg 2002 são a internet e a tecnologia, já que as faixas podem ser feitas por computador. O novo bootleg é debochado, fashion e cheio de cultura musical -já que as misturas das músicas são tipo incríveis. O bootleg existe desde que o mundo dance existe. São versões com samples não-autorizados pelos artistas ou gravadoras, não podendo ser postos à venda nem sair do estúdio.
Em Londres, existe uma noite dedicada aos bootlegs, a Bastard (bastard pop mix é o outro nome do fenômeno atual), idealizada pelo produtor de TV Mike Woods, que não achava graça nas músicas dos clubes e resolveu tocar o que tinha vontade de ouvir. "Quero que todo mundo venha aqui e reconheça as músicas, combinadas como ninguém imaginou." O bootleg é uma espécie de evolução do revival dos 80 (que trouxe um monte de gente de volta às pistas com hits reconhecíveis e engraçados). É coqueluche na Europa e chega ao mainstream. A Ford K acaba de fazer uma promoção na Inglaterra mandando para Ibiza os melhores booteleggers. A grande preocupação das gravadoras e artistas originais, naturalmente, é com a pirataria.

LUXX TEM A MELHOR NOITE DE NY

Esqueça o Body & Soul (que aliás, até fechou). A experiência mais moderna de Nova York responde pelo nome de Berliniamsburg. É a noite fixa de electro na cidade, sábado em Williamsburg, no Brooklyn, no clube Luxx (256, Grand Street, 00/xx/1/212/718-599-1000). E, para quem gosta de electro (EU, EU!!), é um prato cheio. Então imagina. O clima é de underground e de "divine decadence" -como diria minha amiga Sally Bowles. Um palquinho recebe os shows absurdos e, no último sábado, teve o trio Mount Sims, supersexy, como aliás toda a cultura electro, e depois as meninas de lá. No som, depois, Larry Tee em si, o criador do projeto Electroclash, o festival americano que acontece pela segunda vez dia 9 de outubro (se joga: www.electroclash.com) no Webster Hall (em Manhattan). E que energia absurda tem aquele lugar: uma vibração de novidade, intenso, você sente que algo está realmente acontecendo. Fiquei mal. O banheirón é babado, e o lugar é pequeno (150 pessoas). Chegue cedo. Ah, o nome da noite vem de um comentário de Hedi Slimane sobre Williamsburg ser "a nova Berlim". Pronto. E quando eu fui, sabe quem eu conheci lá? O próprio Hedi Slimane em si. Confirmou! Se joga que é tudo. Ah, depois, na volta, na mesma rua tem um serviço luxo de carro 24h pra te levar para casa por 20 bucks: www.northsidelimoandcarservice.com.

na noite ilustrada...

O DJ Aqua Bassino (F-Com) toca na Technova, no Lov.e, com Mau Mau e Cohen; o filme "Cidade de Deus" faz festa no Stereo, com Mau Mau, Eraldo Palmeiro, Camilo Rocha, Yah! e Dani Boy; a festa Substância acontece no Supper Club com os DJs Mr. Gil, Jac Junior, George Actv, Tech Jun e Fog; o jornalista Lúcio Ribeiro toca na festa Revolution no Fun House (r. Bela Cintra, 567); Edu Corelli toca no Xingu. Sábado tem Aqua Bassino de novo, só que no Sirena. No Pix tem Hello com Mau Mau e Juliani; no after Paradise, no Stereo, tocam Oscar Bueno, Magal e George Actv; Luca e Liana tocam na Electroshock no Supper Club; o promoter Bispo faz festa na loja de móveis 60's com shows das bandas Sala Especial e Monokini (av. Heitor Penteado, 2.122); o DJ inglês Mark Williams toca no Lov.e; Pil Marques e Ana Flavia tocam na noite Kat Club no Mood; a Anzu sedia a festa da Ministry of Sound, com os DJs Steve Mac e Brian Cheetam e Dan Lambert e J. Mario tocam no Susi in Transe.

FLAVIO OLIVERA FAZ SUCESSO COM BOLSAS

Em Nova York, me chamaram a atenção umas bolsas bem relaxadas, com cara de vintage, mas glamourosas e contemporâneas. Também me chamou a atenção o nome do designer: Flavio Olivera. As coisas dele estavam na moderna Barneys Co-Op e na Language, e em muitos lugares. Sempre que eu abria uma bolsa que eu tinha gostado, estava lá o nome. Descobri que o designer é um brasileiro radicado em Los Angeles que foi para NY em 85 e, de lá, foi trabalhar com Robert Clergerie. Confira o trabalho dele no site www.flavioolivera.com. Minha bolsa favorita é a Jess.

palomino@uol.com.br


Colaborou Camila Yahn, free-lance para a Folha


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