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FESTIVAL DO RIO BR
"A Festa Nunca Termina" conta muitas das histórias da rica cena musical da cidade inglesa entre 1976 e 1992
Mitos de Manchester
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Entre fatos e mitos, a história de
"A Festa Nunca Termina" (ou "24
Hour Party People") ficou com os
mitos. Ainda bem, segundo aquele que é o fio condutor do filme,
Anthony "Tony" Wilson, 52.
O diretor inglês Michael Winterbottom ("Bem-vindo a Sarajevo") escolheu para este "A Festa
Nunca Termina" -que estréia
hoje no Festival do Rio BR- um
dos temas mais universais do pop:
a cena musical de Manchester entre 76 e 92 -entre o primeiro
show dos Sex Pistols na cidade,
testemunhado por 42 pessoas, e a
morte da acid house, o gênero que
aproximou o psicodelismo rock
com a house music.
Universal? Não fosse por Joy Division, New Order, Happy Mondays e pela revolução implementada involuntariamente pelo superclube Haçienda, Moby não teria vendido as faixas de "Play" para anúncios publicitários; ou iria
demorar pelo menos mais uns
dez anos para uma cidade como
São Paulo receber um festival eletrônico de porte mundial.
Tony Wilson parou no meio
disso tudo, como protagonista do
filme, porque esteve envolvido diretamente: apresentava um programa de TV, estava no histórico
show dos Pistols, fundou a gravadora Factory, "descobriu" Joy Division/New Order/Happy Mondays e criou o Haçienda.
Extremamente falante e orgulhoso de seu papel, Tony Wilson
se mostra entusiasta de "A Festa".
"O filme é maravilhoso e esperto,
mas há coisas que eu acho que
não deveriam estar ali. E não é
verdadeiro. É uma completa coleção de mentiras", disse à Folha.
Por quê? "Porque entre a verdade
e o mito, fique com o mito. O irônico é que esse monte de mentiras
acabou contando a verdade."
Wilson é defensor ferrenho das
bandas retratadas no filme e da
influência exercida por elas: "Joy
Division foi quem deu complexidade ao punk, New Order mudou
tudo com "Blue Monday", e os
Happy Mondays foram os Sex
Pistols de sua época, representavam a classe trabalhadora no poder". (O Joy Division acabou com
o suicídio de seu líder, Ian Curtis,
em 80; o New Order está por aí, e
os Happy Mondays já se foram.)
Sobre o Haçienda (1982-1997):
"Naquela época, os garotos queriam sair para dançar, mas não tinham onde. Os clubes só tocavam
música comercial, ruim. De repente, aparecemos com aquela
house music esquisita [acid"".
Um episódio resume o clima do
finado selo Factory e do filme. No
começo dos 90, foi achado um pedaço de papel que literalmente
salvou o New Order da falência
com direitos autorais. Era um
"contrato" com a gravadora que
dizia: "Nós não somos donos de
nada; a banda detém tudo".
A FESTA NUNCA TERMINA. 24 Hour
Party People. Produção: Inglaterra, 2002.
De: Michael Winterbottom. Com: Steve
Coogan, Paddy Considine. Onde: no
Festival do Rio BR, hoje, domingo e
quarta (www.festivaldoriobr.com.br).
Quanto: R$ 10.
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