DA SUCURSAL DO RIO

O ator Murilo Benício, 29, afirma que não teve medo do ridículo ao interpretar o papel de um "típico" baiano, Toninho, que fala em inglês no filme "Sabor da Paixão". "Morei dois anos nos Estados Unidos, sei falar inglês. Acho que ridículo eu passei no outro filme", disse o ator, referindo-se ao filme "O Monge e a Filha do Carrasco" (1995), de Walter Lima Jr.
"Eu me sentia tão ridículo falando em inglês e uma (equipe) técnica brasileira imensa me olhando. Mas aquela experiência foi boa para relaxar. Agora, neste filme, já cheguei escolado."
Benício conta que sua relação com Penélope Cruz foi ótima, mas ressalta que a atriz espanhola ainda não era a estrela internacional de "Tudo sobre Minha Mãe", ganhador do Oscar de melhor filme estrangeiro neste ano.
"Na época em que eu filmei, ela não era nada disso que é agora. Era uma atriz bacana, do Almodóvar. Mas eu mesmo não conhecia muita coisa dela. Só sua participação em "Belle Époque" e em "Carne Trêmula". Ela é uma menina, uma moleca. Não podia ver um gato magro durante a filmagem que tinha pena e levava comida para ele", conta.
Murilo admite que, entre as razões pelas quais aceitou fazer "Sabor da Paixão", estava a possibilidade de iniciar uma carreira internacional, ganhando o dobro do cachê que recebe no Brasil. O ator assinou uma carta de intenções com a Fox Searchlight. "Não é um contrato. É uma promessa para mais dois filmes, se surgir um projeto com a minha cara", disse.
Sobre o filme, disse: "É importante que o Brasil seja mostrado. É claro que uma pessoa da Venezuela vai mostrar o Brasil de outra forma e ninguém vai ficar absolutamente satisfeito com isso. Mas não cabe a Fina a responsabilidade de mostrar um Brasil brasileiro. Isso cabe a nós".
O próximo trabalho de Benício no cinema nacional deve ser o filme do diretor José Henrique Fonseca baseado no livro "O Matador", de Patrícia Melo. Na televisão, há a previsão de sua participação na minissérie "Terra do Sol", de Doc Comparato.
"Sabor da Paixão" foi roteirizado por Vera Blasi, paulistana que mora nos Estados Unidos desde os 12 anos. "Fiz o roteiro num momento de muita saudade do Brasil. É uma fábula sensual, mágica, universal. Todos os filmes brasileiros que chegam aos Estados Unidos falam de pobreza e miséria. Não queria essa visão."
"Sabor da Paixão" foi lançado em mil salas nos EUA e, em três semanas, arrecadou US$ 5 milhões. Um detalhe: o título original é "Woman on Top", cuja tradução ao pé da letra para o português (mulher por cima) foi evitada por ser considerada erótica demais. (CK)



Texto Anterior: O sabor de Penélope
Próximo Texto: Atriz se prepara para novo filme
Índice