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ARTES PLÁSTICAS
Maria Bonomi e Renina Katz expõem trabalhos recentes
"Vigência" une duas escolas de gravura
DA REPORTAGEM LOCAL
As obras de Maria Bonomi e
Renina Katz, mestres da gravura
brasileira, estão mais uma vez
reunidas, na mostra "Vigência",
em cartaz na Multipla de Arte.
Amigas de anos, já estiveram
juntas em inúmeras coletivas.
Uma delas ocorreu no ano passado, em uma grande exposição de
gravuras no Rio de Janeiro, onde
ocuparam, no Museu Histórico
Nacional, uma sala especial.
Agora, a dupla realiza uma espécie de "individual conjunta"
com um pano de fundo histórico:
Renina, 75, está comemorando 50
anos de atividade artística.
"O Gabriel (Vlavianos, dono da
galeria) me fez uma chantagem
amorosa, relembrando a data. Ele
queria unir Maria e eu. Relutei,
porque fazer exposição é trabalhoso, mas me rendi ao pedido
dele", afirmou Renina, que acaba
de ser submetida a duas cirurgias
de hérnia de disco no hospital Sírio Libanês e passa bem.
Ela apresenta 25 gravuras em
metal, produzidas nos últimos
dez anos. Seus trabalhos ocupam
o mezanino da galeria.
Maria, 65, mostra 20 litogravuras e xilogravuras recentes, de formatos médios e pequenos (o que
é raro na obra dela), além de alguns objetos, dispostos no salão
principal.
Ao contrário de Maria, que trabalha com a vibração da cor, Renina aposta, na maioria de suas
obras, no preto-e-branco. Ambas
traçam discursos abstratos, mas
as obras não têm paralelos.
Renina, cuja produção já foi figurativa e política, mantém a sugestão da figura -linhas do horizonte, sóis, luas, pedras, raízes. A
gravura de Maria é abstrata na essência e na forma.
Até mesmo em seus objetos, o
abstrato é claro. As folhas de palmeiras retrabalhadas em latão,
bronze e alumínio podem ser folhas ou não. "Elas caíram sobre a
minha cabeça", disse.
As peças da atual exposição estiveram em "O Bardi dos Artistas",
mostra deste ano no Memorial da
América Latina.
Renina, que foi professora da
FAU (Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP) por 32 anos,
participou da Bienal de Veneza
nos anos de 1956 e 1986, além de
ter quatro passagens pela Bienal
Internacional de São Paulo, entre
outras mostras importantes.
Gravurista e aquarelista, carrega em seu diário -nada mais nada menos- a motivação que seus
traços provocaram no poeta Carlos Drummond de Andrade
(1902-87), com quem se correspondia.
Inspirado em suas aquarelas, ele
escreveu, um ano antes de sua
morte: "A mão infalível de Renina, aereamente domina a Terra,
transfigurada em melodia visual".
Maria, que nasceu na Itália, mas
foi criada no Brasil, é uma das responsáveis pelas gravuras de grandes dimensões. Ao longo dos
anos 70, sucumbiu à escultura,
que produz até hoje.
Suas obras já frequentaram a
Bienal Internacional de São Paulo
em sete edições diferentes, entre
muitas outras exposições no Brasil e no exterior.
Faz relevos monumentais para
espaços públicos, mas também
pequenos objetos, nunca abandonando a gravura. "O importante é
resistir sempre e ter coerência",
afirmou.
(FERNANDA CIRENZA)
Exposição: Vigência, de Maria Bonomi e
Renina Katz
Quando: de seg. a sex., das 10h às 19h;
sáb., das 10h às 14h. Até 16/11
Onde: Multipla de Arte (av. Morumbi,
7.986, Morumbi, tel. 241-0157)
Quanto: entrada franca; obras de R$ 600
a R$ 6.000
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