São Paulo, sábado, 27 de outubro de 2007

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Crítica

Pesquisa do autor é notável; texto, nem tanto

LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

Em seu livro de estréia, Vagner Fernandes foi um excelente repórter e um escritor nem tanto. Seu trabalho de pesquisa é notável, incluindo informações sobre Clara Nunes que só os muito íntimos tinham. A biografia só não é perfeita por problemas de estilo.
O início é muito bom, pois o jornalista foi às fontes primárias para recuperar a infância e a adolescência de Clara. A quase qualquer custo, queria ser artista e famosa. "Clara (...) corria para o lado que a orientavam", escreve ele. Caiu na lábia de Carlos Imperial, flertou com a jovem guarda e se aproximou do anonimato eterno.
O livro ajuda a entender como uma cantora romântica mediana se tornou a maior das intérpretes de samba.
Além de seu talento, o caminho apontado pelo radialista Adelzon Alves -depois substituído como produtor e marido pelo letrista Paulo César Pinheiro- deu a ela identidade e originalidade.
Rigoroso e contido na metade inicial, Fernandes empolga-se com essa segunda Clara e começa a se esvair em elogios, tropeçar em clichês. "Clara era uma explosão" é um deles.
O livro termina com a reconstituição minuciosa da cirurgia de varizes que a matou. Grande ponto para o autor, que, no entanto, mantém o estilo burocrático da documentação do caso ("ao ser perguntada se..."). Mas prevalece um ótimo trabalho de reportagem.


Avaliação: bom


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