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São Paulo, quinta-feira, 27 de novembro de 2003

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Depoimentos "tiram o horror"

DA REDAÇÃO

-O que o senhor faz aqui na Detenção?
-Sou professor de ensino médio, já faz dois anos, e estou há 15 preso. Cheguei semi-analfabeto, mal e mal escrevia meu nome, aí comecei a estudar e, agora, o ensinamento que recebi, passo para os outros companheiros.
Os depoimentos colhidos pela equipe que produziu "Aqui Dentro", como este do prof. Amauri, procuram "tirar o horror que acompanha o Carandiru", diz Maureen Bisilliat, assim como dois outros livros que têm a extinta cadeia como tema: "A Prisão", de Percival de Souza (Alfa Ômega), e "Estação Carandiru", de Drauzio Varella (Cia. das Letras).
O "massacre do Carandiru", quando 111 detentos morreram após ação da Polícia Militar para tentar conter rebelião na cadeia, aparece nos depoimentos de dois detentos, em duas versões: "Saímos correndo contra a parede e tinha uns três corpos caídos, com a metade do corpo para dentro do xadrez. (...) Meu companheiro parou e não quis pular. Falei: "Ou nóis pula ou nóis fica'", conta o detento Monarca.
Para o funcionário Chiquinho, os presos "queriam derrubar os portões do 9 e invadir outros pavilhões, não havia mais controle".
"Eles não gostam de falar do massacre. Para eles foi muito cruel, não querem lembrar. Muitos pediram para não tocar no assunto", conta Sophia.
Além dos presos, foram entrevistados funcionários e diretores da Casa de Detenção. O livro ainda traz os "antecedentes" da cadeia, desde seus primórdios, em 1833. (TN)


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