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Depoimentos "tiram o horror"
DA REDAÇÃO
-O que o senhor faz aqui na
Detenção?
-Sou professor de ensino médio, já faz dois anos, e estou há 15
preso. Cheguei semi-analfabeto,
mal e mal escrevia meu nome, aí
comecei a estudar e, agora, o ensinamento que recebi, passo para
os outros companheiros.
Os depoimentos colhidos pela
equipe que produziu "Aqui Dentro", como este do prof. Amauri,
procuram "tirar o horror que
acompanha o Carandiru", diz
Maureen Bisilliat, assim como
dois outros livros que têm a extinta cadeia como tema: "A Prisão",
de Percival de Souza (Alfa Ômega), e "Estação Carandiru", de
Drauzio Varella (Cia. das Letras).
O "massacre do Carandiru",
quando 111 detentos morreram
após ação da Polícia Militar para
tentar conter rebelião na cadeia,
aparece nos depoimentos de dois
detentos, em duas versões: "Saímos correndo contra a parede e
tinha uns três corpos caídos, com
a metade do corpo para dentro do
xadrez. (...) Meu companheiro
parou e não quis pular. Falei: "Ou
nóis pula ou nóis fica'", conta o
detento Monarca.
Para o funcionário Chiquinho,
os presos "queriam derrubar os
portões do 9 e invadir outros pavilhões, não havia mais controle".
"Eles não gostam de falar do
massacre. Para eles foi muito
cruel, não querem lembrar. Muitos pediram para não tocar no assunto", conta Sophia.
Além dos presos, foram entrevistados funcionários e diretores
da Casa de Detenção. O livro ainda traz os "antecedentes" da cadeia, desde seus primórdios, em
1833.
(TN)
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