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CINEMA - ESTRÉIAS
"Lenda Urbana" tinge tela com sangue fajuto
LÚCIO RIBEIRO
Editor-adjunto da Ilustrada
O cinema de horror vem ensaiando uma virada desde os bacanas "Pânico", "Pânico 2" e, mais
recentemente, "Vampires", de
John Carpenter, que descolou um
honroso primeiro lugar há poucas
semanas nas bilheterias americanas, na temporada de outono.
Mas, no meio do caminho da ressurreição do bom e velho cinema
tenebroso, há espécimes xaropes
como "Eu Sei o Que Vocês Fizeram
no Verão Passado" (mais sua nefasta sequência "Eu Ainda Sei...") e
este "Lenda Urbana" ("Urban Legend"), que a partir de hoje tinge
nossas telas com sangue fajuto.
O verdadeiro terror a que estamos sendo submetidos, diga-se, é
o atraso abissal do lançamento de
"Pânico 2" no Brasil, agendado para dezembro, se tudo der certo. Ou
ainda a falta de notícias da vinda às
nossas telas da última diabrura de
John Carpenter.
Quanto a "Lenda Urbana", o filme é exemplo (no mau sentido) da
inconsequência teen, a começar
pelo jovem diretor, Jamie Blanks,
que cheira a tal. Blanks tinha 24
anos quando rodou o filme, sua estréia na direção. Para completar,
"Lenda Urbana" agrega em seu
elenco uma penca de jovem atores
egressos de seriados de TV, a destacar aí o bom Joshua Jackson, da
descolada série "Dawson"s Creek".
Nem a presença de Robert Englund, o velho Freddy Krueger da
série de filmes "A Hora do Pesadelo", no papel de um professor universitário, tira "Lenda Urbana"
das trevas da inspiração.
Sem nenhum estofo cinematográfico (saudade de Sam Raimi e
Clive Barker...), "Lenda Urbana"
procura se sustentar em cerca de 16
cenas de sangria desatada, 15 cenas
horripilantes de segunda categoria
e dez de sustos previsíveis.
O levantamento acima poderia
ser usado para descrever um bom
filme de horror, mas, no caso de
"Lenda Urbana", esses números
padecem de alinhavo decente.
A história é bem boa, no entanto.
Uma garota tenta, sem sucesso, fazer alguém acreditar que os alunos
que estão desaparecendo em um
campus de uma universidade (onde mais?) na verdade estão sendo
vítimas de um assassino. Melhor: o
tal serial killer estaria seguindo rituais de lenda urbana, aqueles casos populares misteriosos que surgem não-se-sabe-de-onde e se espalham de várias formas.
Se alguém copiasse a idéia no
Brasil e botasse em filme, decerto
não faltaria a famosa loira linda
com algodão no nariz e no ouvido
que surgia nos banheiros masculinos das escolas nos anos 70/80.
Ou a tal lenda do sujeito que
morreu afogado em um tanque da
Coca-Cola e pedaços dele eram encontrados em garrafas.
Talvez por isso, "Lenda Urbana"
faça mais sentido (se é que faz algum) para os que conhecem lendas urbanas americanas e tolerem
um filme de terror que se sustenta
na estética do susto pelo susto.
²
Filme: Lenda Urbana
Produção: EUA, 1998
Direção: Jamie Blanks
Com: Alicia Witt, Jared Leto, Rebecca
Gayheart e Joshua Jackson
Quando: a partir de hoje nos cines Lar
Center 2, Paulista 2 e circuito
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