São Paulo, sexta, 27 de novembro de 1998

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DICAS DO ED
Champanhes Millésimes podem durar até 20 anos

ED MOTTA
Colunista da Folha

Até pouco tempo eu não dava a mínima para champanhe, achava uma bebida sem os mesmos atrativos aromáticos dos grandes vinhos e odiava as bolhas. Até que me deparei com os Millésimes... Pra quem ainda não gosta de champanhe, essa é a melhor porta para mudar de opinião, e, pra quem já gosta, esse é o momento perfeito para garimpar o que há de melhor no mercado.
Os Millésimes, ou Vintage, são os safradas, ou seja, produzidos com as uvas somente daquele ano e todo um cuidado a mais na vinificação e nas embalagens mais pomposas.
O blend dos champanhes é composto de duas uvas tintas (Pinot Noir e Pinot Meunier) e uma branca (Chardonnay), exceto quando se lê no rótulo "Blanc de Blancs" (apenas a Chardonnay).
Da categoria "Blanc de Blancs" provei três petardos da safra de 89. O primeiro foi o Lanson, que, além de produzir um dos melhores champanhes não safrados, o Black Label, me deixou de queixo caído com sua textura cremosa e os aromas marcantes de pêssego e melão.
Outro surpreendente foi o Deutz, lembrando um Vin Jaune ou um Xerez com muita amêndoa e nozes.
Já a lendária Taittinger se mostrou como de costume, delicada, floral, com final de taça lembrando damascos doces, fora o design da garrafa, que é lindo.
Agora uma chance que não se pode perder é a de tomar um exemplar envelhecido como o Salon 83, com aromas intensos de frutas tropicais, como caqui maduro. Na boca, um sabor untuoso e persistente. Com um champanhe assim, deve-se tomar cuidado com o que se come para não agredir sua delicadeza.
No campo dos Millésimes, que tem as uvas tintas no blend, o Gosset 89 é um dos destaques, com sua cor quase rosada, seus aromas de biscoito e uma ótima acidez para acompanhar um bom sushi com pouco wasabi.
O Cuvée William Deutz 88 tem complexidade aromática ímpar, lembrando sálvia, erva-doce e na boca deixe uma sensação ligeiramente defumada, que pode escoltar não só ovas de peixe como empadinhas de queijo, que talvez sejam meu acompanhamento favorito para champanhes de maior intensidade.
O Cuvée Winston Churchill 86, da casa Pol Roger, é um dos mais intensos no nariz, lembrando torrada e ervas secas. É importante não tomá-lo muito gelado para os aromas não sumirem.
O famoso Veuve Clicquot tem sua cuvée de luxo, que é o Grand Damme, e o da safra de 90 está estupendo, com aromas sutis de damasco, peras e boca fina para vieiras malpassadas, e mais: o catálogo do Veuve Clicquot deveria ser comercializado por seu tratamento gráfico de bom gosto, com ilustrações do cartunista Floch e textos importantes para o entendimento da bebida. Um dado importante é que os Millésimes podem chegar a durar até 20 anos e não há nada melhor que champanhe velho.
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Onde encontrar: Lanson e Deutz (Maison du Vin, tel. 011/284-7288); Taittinger e Gosset (Expand, tel. 011/816-4344); Pol Roger e Salon (Mistral, tel. 011/285-1422); Veuve Clicquot (Veuve Clicquot do Brasil, tel. 011/ 212-2932)



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