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DICAS DO ED
Champanhes Millésimes podem durar até 20 anos
ED MOTTA
Colunista da Folha
Até pouco tempo eu não dava a
mínima para champanhe, achava
uma bebida sem os mesmos atrativos aromáticos dos grandes vinhos
e odiava as bolhas. Até que me deparei com os Millésimes... Pra
quem ainda não gosta de champanhe, essa é a melhor porta para
mudar de opinião, e, pra quem já
gosta, esse é o momento perfeito
para garimpar o que há de melhor
no mercado.
Os Millésimes, ou Vintage, são os
safradas, ou seja, produzidos com
as uvas somente daquele ano e todo um cuidado a mais na vinificação e nas embalagens mais pomposas.
O blend dos champanhes é composto de duas uvas tintas (Pinot
Noir e Pinot Meunier) e uma branca (Chardonnay), exceto quando
se lê no rótulo "Blanc de Blancs"
(apenas a Chardonnay).
Da categoria "Blanc de Blancs"
provei três petardos da safra de 89.
O primeiro foi o Lanson, que, além
de produzir um dos melhores
champanhes não safrados, o Black
Label, me deixou de queixo caído
com sua textura cremosa e os aromas marcantes de pêssego e melão.
Outro surpreendente foi o Deutz,
lembrando um Vin Jaune ou um
Xerez com muita amêndoa e nozes.
Já a lendária Taittinger se mostrou como de costume, delicada,
floral, com final de taça lembrando
damascos doces, fora o design da
garrafa, que é lindo.
Agora uma chance que não se
pode perder é a de tomar um
exemplar envelhecido como o Salon 83, com aromas intensos de
frutas tropicais, como caqui maduro. Na boca, um sabor untuoso e
persistente. Com um champanhe
assim, deve-se tomar cuidado com
o que se come para não agredir sua
delicadeza.
No campo dos Millésimes, que
tem as uvas tintas no blend, o Gosset 89 é um dos destaques, com sua
cor quase rosada, seus aromas de
biscoito e uma ótima acidez para
acompanhar um bom sushi com
pouco wasabi.
O Cuvée William Deutz 88 tem
complexidade aromática ímpar,
lembrando sálvia, erva-doce e na
boca deixe uma sensação ligeiramente defumada, que pode escoltar não só ovas de peixe como empadinhas de queijo, que talvez sejam meu acompanhamento favorito para champanhes de maior intensidade.
O Cuvée Winston Churchill 86,
da casa Pol Roger, é um dos mais
intensos no nariz, lembrando torrada e ervas secas. É importante
não tomá-lo muito gelado para os
aromas não sumirem.
O famoso Veuve Clicquot tem
sua cuvée de luxo, que é o Grand
Damme, e o da safra de 90 está estupendo, com aromas sutis de damasco, peras e boca fina para vieiras malpassadas, e mais: o catálogo
do Veuve Clicquot deveria ser comercializado por seu tratamento
gráfico de bom gosto, com ilustrações do cartunista Floch e textos
importantes para o entendimento
da bebida. Um dado importante é
que os Millésimes podem chegar a
durar até 20 anos e não há nada
melhor que champanhe velho.
²
Onde encontrar: Lanson e Deutz (Maison
du Vin, tel. 011/284-7288); Taittinger e Gosset (Expand, tel. 011/816-4344); Pol Roger e
Salon (Mistral, tel. 011/285-1422); Veuve
Clicquot (Veuve Clicquot do Brasil, tel. 011/
212-2932)
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