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ACONTECE NO RIO
Em "Uma Noite na Lua', que estréia hoje, o ator interpreta um escritor com conflitos existenciais
Nanini encara solo a platéia pela 1ª vez
GUSTAVO AUTRAN
da Sucursal do Rio
"Uma Noite na Lua", primeiro
monólogo interpretado por Marco
Nanini, é um caso típico de invasão de privacidade. O espetáculo,
que estréia hoje no teatro dos Quatro, no Rio, expõe o drama de um
escritor anônimo, obrigado a resolver muitos de seus conflitos
existenciais de uma só vez.
Vigiado pela platéia, o dramaturgo se compromete a escrever uma
peça em apenas uma madrugada.
No entanto, o personagem, consumido pelo sofrimento, abandona o
trabalho para mergulhar na própria intimidade.
"Um olhar perdido para um objeto denuncia o momento de o
protagonista passar sua vida a limpo. Ele acaba de ser abandonado
pela mulher e experimenta o vazio
de se tornar um pensador que não
consegue realizar seus projetos",
explica Nanini.
Os devaneios do personagem selam justamente o encontro da fantasia com a realidade.
Eles reproduzem o enredo da peça encomendada para o escritor,
que fala sobre um homem pensando em cima do palco.
No que diz respeito ao tempo de
produção, porém, a fantasia foi
muito mais dura que a realidade.
Em vez de uma madrugada, Nanini passou dois meses ensaiando o
texto de João Falcão na Pequena
Cruzada, na Lagoa.
O público é uma espécie de voyeur desse processo de autoconhecimento, de acordo com João Falcão, também diretor da peça.
"É como se a platéia ocupasse o
cérebro do personagem, que não
pára de pensar sobre seu futuro."
O monólogo significou um desafio muito maior para o diretor do
que para o ator.
De acordo com Falcão, que também dirige a atriz Marieta Severo
na peça "A Dona da História", é
muito difícil concentrar todas as
emoções das cenas em um só ator.
A equipe encontrou soluções
pouco convencionais para ambientar o espetáculo.
"Tentamos recriar os fluxos do
pensamento do personagem. Por
isso, o cenário é abstrato, um vácuo que pode representar até um
pedaço do cérebro", considera Nanini.
Além da neutralidade cênica, o
personagem não tem nem sequer
um nome. Tudo para dar um tom
universal à trama.
"Ele não precisa de um nome, à
medida que não é chamado por
ninguém em cena. Nem mesmo
pela mulher, que, apesar de não estar fisicamente no palco, não sai de
cena", diz Nanini.
Nanini e Falcão já tinham trabalhado juntos em três episódios do
programa "Comédia da Vida Privada", da Rede Globo: "Menino ou
Menina", "Parece que Foi Ontem"
e "A Grande Noite".
A dobradinha foi levada para os
palcos com a estréia, há dois anos,
da peça "O Burguês Ridículo".
"Um bocado de gente já tinha se
alistado para trabalhar com o Falcão. Tratei de pegar uma senha
com antecedência. Mais cedo ou
mais tarde, esse encontro tinha
que acontecer", disse Nanini.
Nanini está participando das
gravações do filme "O Xangô de
Baker Street", de Miguel Faria Júnior, baseado no livro de Jô Soares,
e da nova microssérie da Rede Globo, "O Auto da Compadecida",
obra de Ariano Suassuna adaptada
para a televisão pelo próprio João
Falcão.
Além disso, o ator negocia participação da próxima novela das sete
da Globo, escrita por Euclides Marinho.
²
Peça: Uma Noite na Lua
Quando: de quinta a sábado, às 21h; e
domingo, às 20h
Onde: teatro dos Quatro (shopping da
Gávea, r. Marquês de São Vicente, 52, Gávea,
tel. 021/274-9895)
Quanto: R$ 20 (5ª), R$ 25 (6ª e domingo), R$
30 (sábado)
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