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ÓPERA
Espetáculo de Puccini é apresentado hoje no Teatro Municipal com ambientação contemporânea e atores jovens
"La Bohème" ganha versão atualizada
JOÃO BATISTA NATALI
da Reportagem Local
O Teatro Municipal de São Paulo
apresenta hoje a primeira das seis
récitas da mesma montagem de
"La Bohème" que estreou, no final
de agosto, no teatro Alfa Real.
Á ópera, para muitos a mais bem
escrita de Giacomo Puccini (1858-1924), é a mais frequentemente interpretada entre os sete grandes
sucessos líricos que ele compôs. A
história se passa entre estudantes,
boêmios e cortesãs, no Quartier
Latin de Paris.
Há dois pormenores de peso na
concepção do espetáculo, com direção musical de Jamil Maluf e direção cênica de Jorge Takla.
O primeiro: a ação se passa nos
dias de hoje, e não mais por volta
de 1830, segundo concepção mais
tradicional. Os cantores usam roupas modernas de lã ou couro, as
mulheres, em vestidos curtos, exibem bons palmos de pernas, e o
próprio elenco, bastante jovem,
encaixa-se com perfeição na idade
atribuída aos personagens.
O segundo pormenor: a música é
tratada de forma a destacar o lirismo na relação entre Mimi e Rodolfo, com ênfase nas frases lentas das
cordas, e menor dimensão épica
dos acordes dos metais.
É o que Jamil Maluf designou como "intimismo" e que se mostrou
como o lado mais fascinante nas
récitas do Alfa Real. As vozes se
adaptam com facilidade a esse jogo
dramático, que valoriza a palavra
articulada na melodia e não mais a
emissão de vogais demoradas, na
reverberação de decibéis.
Mimi é representada pela soprano Rosana Lamosa, neste que será
um de seus bons papéis em SP.
Seu parceiro, como o poeta Rodolfo, é o tenor Fernando Portari,
uma das vozes que têm surpreendido pelo rápido aperfeiçoamento
técnico e por um timbre definitivamente superior.
O baixo Jeller Felipe, no papel de
Colline, e barítono Douglas Hahn,
como Schaunard, foram muitíssimo bem nas récitas entre agosto e
setembro do Alfa Real.
"La Bohème" é uma história de
amor de final infeliz, com libreto
de Luigi Illica e Giuseppe Giacosa,
que se basearam em texto de
Henry Murger. Ela foi encenada
pela primeira vez em 1896.
Puccini estreara três anos antes
sua "Manon Lescaut" e quatro
anos depois viria com "Tosca", o
que lhe permitiu se instalar definitivamente nessa espécie de trono
simbólico que os italianos reservavam ao "sucessor de Verdi", o
grande compositor lírico nacional.
Quanto à produção, a Secretaria
Municipal da Cultura terá em
mãos um dos espetáculos líricos de
custo menor em sua história recente. Será algo em torno de R$ 200
mil, gastos com orquestra, coral e
cachê dos cantores. Os cenários e
figurinos foram gratuitamente
emprestados pelo Alfa Real, que
gastou o dobro dessa quantia para
estrear o espetáculo há três meses.
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