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"Não há como não dar certo', diz maestro
da Reportagem Local
Para o regente Jamil Maluf, ópera
é "um espetáculo multimídia", e
nada impede que "La Bohème",
encenada agora no Municipal,
cumpra o objetivo de atrair o público mais jovem.
(JBN)
Folha - Qual a diferença entre
uma "La Bohème" no Alfa Real e a
mesma ópera no Municipal?
Jamil Maluf - A música erudita se
popularizou bastante com as gravações. Mas ocorreu um inconveniente: as pessoas passaram a acreditar que a música independe do
local onde ela é produzida. O Alfa
Real tem uma acústica sofisticada,
suave, doce. E o Municipal tem um
som mais aberto.
Folha - A orquestra aumentou?
Maluf - Serão só dois músicos a
mais. Eu não quis abandonar a
concepção básica do espetáculo,
que foi a do "intimismo". Um Puccini com eloquência fora de controle pode cair nos "tutti" (todos
os instrumentos tocando ao mesmo tempo) wagnerianos.
Folha - Prevalece no segundo ato
o comedimento que a orquestra
demonstra no primeiro?
Maluf - Sigo as indicações de Puccini, que não deve ser lido apenas
do ponto de vista musical. É preciso distinguir dentro de um ato a
alegria de um Schaunard e o lirismo do encontro entre Mimi e Rodolfo (todos personagens da ópera). A visão sinfonista e pesada que
apliquei há um ano na montagem
da "Tosca" foi mudada radicalmente com "La Bohème".
Folha - Será agora uma outra encenação da mesma temporada?
Maluf - Sim. É uma temporada
mais longa, coisa inédita aqui em
São Paulo, porque não se tinha
dois teatros em que a mesma ópera
poderia ser montada. Com isso, os
cantores nacionais têm trabalho
por um período maior, e os custos
da produção também baixam.
Folha - Havia na primeira montagem de "La Bohème" a vontade de
atrair o público juvenil.
Maluf - Há escolas que agora reservaram cem lugares, outras 150
lugares. Elas vão trazer um público
que talvez considere que canto lírico é só coisa dos Três Tenores em
época de Copa do Mundo. Tenho
uma enorme curiosidade de saber
qual será a reação deles. É viável
trazê-la para os tempos contemporâneos. A ópera é um espetáculo
multimídia. Não há como não dar
certo.
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