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VÍDEO/LANÇAMENTOS
Peronismo
THALES DE MENEZES
da Reportagem Local
Uma consulta rápida a uma boa livraria na Internet
vai listar uma dúzia
de livros sobre Evita Perón. Qualquer
um deles vai dar ao interessado
uma visão melhor do mito da história argentina do que "Evita", o
musical de Alan Parker.
Analisar o filme é tarefa que pode gerar calorosos debates, mas
todos deverão concordar que
"Evita" tem tudo, menos história.
Jogando os conturbados anos da
trajetória política argentina como
esmaecido pano de fundo para as
canções, Parker manteve fidelidade ao musical de teatro criado por
Tim Rice e Andrew Lloyd Webber
nos anos 70, mas perdeu uma boa
oportunidade de levar um pouco
mais de cultura geral ao frequentadores de cinemas de shopping.
A vida de Evita retratada no filme é a de uma garota pobre que
vai a Buenos Aires tentar ser atriz
de cinema, sofre um pouco, encontra Juan Domingo Perón, torna-se primeira-dama, deseja uma
Argentina com justiça social e,
morrendo jovem, aos 33 anos,
passa a ser uma figura mítica para
a classe proletária do país.
Agora, um aviso: quem não
souber pelo menos esse resumo
pode ter muita dificuldade para
acompanhar o filme, que não demonstra nenhum esforço de didatismo. A inclusão da figura de
Che Guevara como narrador onipresente da história aumenta
consideravelmente as chances de
"tilt" na cabeça do espectador.
Por essas e outras, o filme despertou a ira de boa parte do público argentino, que não suportou a
apropriação de seu maior mito, e,
para piorar, com tão pouco rigor
factual. Os defensores do diretor
Alan Parker podem dizer que ele
não queria ensinar história, só fazer um musical. Então, que pelo
menos ousasse um pouco mais.
Madonna brigou com Deus e o
mundo para ter o papel, que chegou a estar nas mãos de Meryl
Streep e de Michelle Pfeiffer. O fato de Madonna ser uma cantora,
ao contrário das preteridas, poderia ser um ponto positivo, mas a
verdade é que a diva pop canta
muito pior do que Patti LuPone,
que estrelou o musical na Broadway, em 1979, e do que Julie Covington, que gravou "Don't Cry
for Me Argentina" em 1976.
O ótimo ator britânico Jonathan
Pryce (de "Brazil - O Filme") acerta na composição de seu Perón, e
Antonio Banderas depende muito de seu inegável carisma para
não passar ridículo como Che
Guevara. Em resumo, os desempenhos são irregulares. Madonna
canta muito e é péssima atuando.
Pryce confirma a tarimba dramática, mas não canta nada. E Banderas acaba tendo a melhor média, seguro na interpretação e
cantando inesperadamente bem.
Com boas canções e uma direção de arte caprichada, "Evita" é
um entretenimento razoável para
fãs de musicais. E nada mais.
Avaliação:
DVD: Evita
Produção: EUA, 1996
Tela: widescreen e normal
Extras: menu interativo, índice de cenas
Legendas: português e inglês
Distribuidora: Buena Vista
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