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TELEVISÃO
Papai Noel do "Casseta & Planeta" é Papai Fidel
TELMO MARTINO
especial para a Folha
Não adiantou esperar. Neste
ano, Papai Noel na televisão só em
comercial da Coca-Cola ou de algum outro produto bem mais insignificante. O bug do ano 2000
expulsou o bom velhinho de sua
temporada de glória. Pelo jeito,
nem o "Milagre na Rua 34" vai ganhar um lugarzinho perto do
Louro José na programação da
Globo.
Quer ver Papai Noel? Desligue a
televisão e vá até o shopping mais
próximo e ande até o primeiro
"ho, ho, ho". Por isso é que se tem
que reconhecer pela milésima vez
o faro infalível da rapaziada do
"Casseta & Planeta". Pediram um
especial de Natal e nós ganhamos.
E foi um reencontro só com o que
o Natal tem de bom. Nada de peru
que apita nem o borbulhar de um
copo de sidra.
Para começar, escolhe-se o Papai Noel do Bussunda indo até as
neves da África só para ser assado
no espeto. Um infortúnio logo
amenizado pelo coro dos Meninos Fanhos da Baviera, o "Jingle
Bells" dos Gaguinhos de Petrópolis, os Meninos Ciciosos de Cincinatti e os melodiosos Rapazes
Mudos de Viena. Ninguém conhece melhor o imprescindível
dessa festa. Viva o "C&P"!
Eles são de uma precisão em todos os detalhes. Olha só o Zark, o
Ventríloquo do Espaço. Chamado para ir a Plutão, ele exige uma
visita a Vênus para se abastecer de
camisinhas para seus encontros
com as plutonas.
Sempre que é o Cláudio Manoel
na lourice do Massaranduba as
gargalhadas vêm às porradas. Como na sua conversão ao islamismo. Para rezar para Meca tem que
expor o traseiro para Seca? Nada
feito. Só mesmo o entortar da cara. Cara de baixinho, cabeçudo e
com pinta de boiola.
É claro que o "C&P" não vai esquecer que o ano 2000 está chegando e que o Brasil, queira ou
não queira, vai ter que assumir, finalmente, o futuro que tanto insistiram seria dele. O futuro não
dá para adiar. Já começou.
O Natal da turma é tão completo que além do Noel tem também
o Papai Fidel. Como é pobre esse
Papai Fidel. Dá um toco de lápis
para o menino com o aviso de que
é para durar até fim do ano.
Quando ele dá um barquinho de
papel, a criança vibra: "Vou fugir
para Miami!". Papai Fidel é mais
do rá, rá, rá do que do ho, ho, ho.
Também todo típico é o Papai
Noel de Israel. Quer vender o carrinho "mais barata" para a criança que espera presente. E triunfal
é o Papai Noel que chega ao Rio
Grande do Sul. Só veio trocar as
renas cansadas por veadinhos de
Pelotas. Que maravilha!
A queixa era de uma ausência
total de Papai Noel na televisão
deste estranho Natal. Agora já está de bom tamanho. E olha que
ainda tem o Papai Noel do Acre. É
só esperar que também vale a pena.
Quem quiser saber o que a modernidade pode oferecer dê uma
espiada no Psicopato. Isto é, um
pato que anda com uma metralhadora na asa.
Há ainda milhares de outras invenções das Organizações Tabajara para o Brasil moderníssimo.
Mas isso pode esperar o momento oportuno.
Nada de contar para a mãe que
é gay, só porque é virada do ano.
Lembre-se de que isso é coisa de
bicha burra. Essa virada é só no
ano que vem.
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