São Paulo, Segunda-feira, 27 de Dezembro de 1999


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TELEVISÃO

Papai Noel do "Casseta & Planeta" é Papai Fidel

TELMO MARTINO
especial para a Folha



Não adiantou esperar. Neste ano, Papai Noel na televisão só em comercial da Coca-Cola ou de algum outro produto bem mais insignificante. O bug do ano 2000 expulsou o bom velhinho de sua temporada de glória. Pelo jeito, nem o "Milagre na Rua 34" vai ganhar um lugarzinho perto do Louro José na programação da Globo.
Quer ver Papai Noel? Desligue a televisão e vá até o shopping mais próximo e ande até o primeiro "ho, ho, ho". Por isso é que se tem que reconhecer pela milésima vez o faro infalível da rapaziada do "Casseta & Planeta". Pediram um especial de Natal e nós ganhamos. E foi um reencontro só com o que o Natal tem de bom. Nada de peru que apita nem o borbulhar de um copo de sidra.
Para começar, escolhe-se o Papai Noel do Bussunda indo até as neves da África só para ser assado no espeto. Um infortúnio logo amenizado pelo coro dos Meninos Fanhos da Baviera, o "Jingle Bells" dos Gaguinhos de Petrópolis, os Meninos Ciciosos de Cincinatti e os melodiosos Rapazes Mudos de Viena. Ninguém conhece melhor o imprescindível dessa festa. Viva o "C&P"!
Eles são de uma precisão em todos os detalhes. Olha só o Zark, o Ventríloquo do Espaço. Chamado para ir a Plutão, ele exige uma visita a Vênus para se abastecer de camisinhas para seus encontros com as plutonas.
Sempre que é o Cláudio Manoel na lourice do Massaranduba as gargalhadas vêm às porradas. Como na sua conversão ao islamismo. Para rezar para Meca tem que expor o traseiro para Seca? Nada feito. Só mesmo o entortar da cara. Cara de baixinho, cabeçudo e com pinta de boiola.
É claro que o "C&P" não vai esquecer que o ano 2000 está chegando e que o Brasil, queira ou não queira, vai ter que assumir, finalmente, o futuro que tanto insistiram seria dele. O futuro não dá para adiar. Já começou.
O Natal da turma é tão completo que além do Noel tem também o Papai Fidel. Como é pobre esse Papai Fidel. Dá um toco de lápis para o menino com o aviso de que é para durar até fim do ano. Quando ele dá um barquinho de papel, a criança vibra: "Vou fugir para Miami!". Papai Fidel é mais do rá, rá, rá do que do ho, ho, ho.
Também todo típico é o Papai Noel de Israel. Quer vender o carrinho "mais barata" para a criança que espera presente. E triunfal é o Papai Noel que chega ao Rio Grande do Sul. Só veio trocar as renas cansadas por veadinhos de Pelotas. Que maravilha!
A queixa era de uma ausência total de Papai Noel na televisão deste estranho Natal. Agora já está de bom tamanho. E olha que ainda tem o Papai Noel do Acre. É só esperar que também vale a pena.
Quem quiser saber o que a modernidade pode oferecer dê uma espiada no Psicopato. Isto é, um pato que anda com uma metralhadora na asa.
Há ainda milhares de outras invenções das Organizações Tabajara para o Brasil moderníssimo. Mas isso pode esperar o momento oportuno.
Nada de contar para a mãe que é gay, só porque é virada do ano. Lembre-se de que isso é coisa de bicha burra. Essa virada é só no ano que vem.


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