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Fashionistas falam em união
DA REDAÇÃO
"Depois do boom da moda brasileira no mundo, vem agora um
momento mais delicado, o do banho-maria, quando tudo se assenta", avalia o diretor de arte carioca Giovanni Bianco, que mantém escritórios em Milão e Nova
York, e atende também clientes
no Brasil. "Só vai ficar quem tem
um bom trabalho", diz .
Para Walter Rodrigues, que desfila na quarta, "o Brasil está passando por um processo de fortificação". Ele estréia em Paris, em
março, e se junta a Herchcovitch
para dividir custos de produção
na cidade. Herchcovitch, que desfila hoje o masculino e quinta, o
feminino, se uniu a Reinaldo Lourenço (que desfila sexta), com
quem não falava há algumas temporadas. Os dois vão compartilhar o mesmo showroom parisiense. "E estamos indo juntos pedir apoio aos empresários..."
União era até pouco tempo palavra fora do dicionário fashion
brasileiro, mas ela faz parte de todo movimento bem-sucedido. Os
primeiros a se unir foram os italianos, nos anos 50. Eles pegaram
o estilo da "dolce vita" da época
para projetar a indústria têxtil italiana e atrair os jornalistas -que
até então só iam para Paris. Mais
recentemente, nos 90, os belgas
chegaram como "escola" e estabeleceram um estilo que vai das
roupas às modelos.
Uma das diretrizes desta edição
da São Paulo Fashion Week é fortalecer a identidade. Um mecanismo chamado de "marca Brasil"
pretende consolidar a imagem da
moda brasileira. "O Brasil está
construindo e lapidando esse processo ao mesmo tempo. É preciso
lustrar o trabalho das pessoas para que quando se fale de moda
brasileira venha logo uma imagem na cabeça, diz Paulo Borges,
diretor da SP Fashion Week.
Uma ação específica para reforçar a presença brasileira na seara
internacional está sendo gerenciada na Associação Brasileira das
Indústrias Têxteis (Abit). A idéia,
segundo o coordenador desse
projeto, Rossildo Faria, é garantir
um aumento nas exportações por
meio do chamado "valor agregado". Projeta-se o design (estilismo) brasileiro para se ganhar na
exportação de produtos têxteis
como um todo. De 2000 para 2001
esse número cresceu 6,88%, mas
os resultados (US$ 1.306 milhões)
ainda são considerados tímidos.
Herchcovitch diz que o momento é de melhorar a qualidade
da mão-de-obra e superar problemas: "Uma das maiores dificuldades é colocar o produto na loja",
revela, sobre a questão da entrega
que já derrubou muita gente boa,
do austríaco Helmut Lang ao cipriota Hussein Chalayan.
O deputado estadual (PSDB) e
empresário Alberto Hiar (Turco
Lôco) é sócio da Cavalera, que
desfila na quarta, e da V-Rom,
que vai participar da próxima edição do evento. Ele acerta no principal fundamento do novo marketing: "Não adianta ser um excelente estilista e não ser um bom
analista de mercado".
Nessa nova situação, mesmo
quem está nas pontas deve fazer a
sua parte. Mônica Monteiro,
agente de Gisele Bündchen, da
agência IMG, diz que procura
conscientizar as modelos de que
elas também fazem parte de um
processo. "Procuro ensiná-las a
"vender" a roupa para movimentar essa cadeia". "Essa é a minha
contribuição: levar a moda do
Brasil para fora, vestir a camisa
mesmo", diz Marcelle Bittar.
Colaborou Jackson Araujo, free-lance
para a Folha
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