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500 ANOS
Reabre hoje, no Ibirapuera, o pavilhão Lucas Nogueira Garcez, projeto de Niemeyer inaugurado em 54
SP ganha "oca mais bonita do mundo"
da Reportagem Local
Reabre hoje,
para convidados, o Pavilhão
Lucas Nogueira
Garcez, no parque Ibirapuera,
em São Paulo. E o que seria o Pavilhão Lucas Nogueira Garcez? "É
um dos museus mais bonitos do
mundo." As palavras são de Paulo
Mendes da Rocha.
Um dos principais arquitetos
brasileiros, foi ele o responsável
pela supervisão da reforma no
prédio em formato de cúpula projetado por Oscar Niemeyer, que
foi inaugurado em 1954, ano do
quarto centenário de São Paulo.
"Nós simplesmente estamos
deixando o museu do modo como Niemeyer o desenhou", diz
Mendes da Rocha. O "nós" em
questão é a Associação Brasil 500
Anos, instituição que organiza a
maior exposição de arte brasileira
já realizada por aqui, a Mostra do
Redescobrimento, com cerca de
7.000 obras, com inauguração
marcada para 22 de abril.
A partir desse dia, a "Oca", como o Pavilhão Lucas Nogueira
Garcez foi apelidado, graças ao
seu formato arredondado, estará
aberta ao público pela primeira
vez em 14 anos. Foi esse o tempo
em que o Museu da Aeronáutica e
do Folclore ficou fechado.
Em sua nova fase, a Oca será refrigerada. "É o maior espaço totalmente climatizado abaixo da linha do Equador", diz Edemar Cid
Ferreira, presidente da Associação Brasil 500 Anos, timoneiro da
Mostra do Redescobrimento.
"Todos os 10 mil metros quadrados de área do prédio estão totalmente climatizados, o que faz o
prédio apto para receber qualquer exposição do mundo", explica Cid Ferreira.
A reforma da Oca consumiu R$
10 milhões, o equivalente a cerca
de um quarto de todo o orçamento da Mostra do Redescobrimento, que também usará os prédios
da Bienal e do pavilhão Manoel da
Nóbrega (que vinha recebendo filial da Pinacoteca do Estado).
O sistema de climatização usado no museu é inédito no país.
Seu coração é o maquinário que
funciona como uma espécie de fábrica de água gelada, que é depositada em um buraco de 20 metros de largura (10 metros de profundidade) fora do prédio. O ar
que sai dessa "piscina glacial" é levado por dutos para todo o interior da "Oca" .
Essa não foi a única modificação no prédio de Niemeyer. No
lugar em que ficam as escadas rolantes, a associação instalou um
elevador hidráulico. Também foi
feita a recuperação de um auditório com capacidade para cerca de
cem pessoas, que funciona no
subsolo da "Oca".
Mas a grande mudança mesmo
será visível. A "despoluição visual" do interior do prédio talvez
seja o seu grande trunfo. "O museu estava como não deveria .
Cheio de paredinhas improvisadas, puxadinhos", fala com indignação Mendes da Rocha.
Ele se refere às divisórias que foram construídas nos tempos do
Museu da Aeronáutica e do Folclore. As duas coleções, por sinal,
têm, por contrato, direito de retomarem o prédio depois dos três
anos em que o museu foi cedido à
Associação Brasil 500 Anos.
Durante esse tempo, a coleção
aeronáutica administrada pela
Fundação Santos Dumont, que
tem como um dos destaques a
guarda do lendário avião Jahú, foi
transferida para o Cemucan, o
parque Centro Municipal de
Campismo, no km 21 da rodovia
Raposo Tavares.
As cerca de 10 mil peças do acervo do Museu do Folclore, por sua
vez, estão temporariamente alocadas na Casa Sertanista, uma das
poucas construções do século 18
que ainda pode ser vista em São
Paulo.
Ao longo dos três anos em que
terá a guarda do Pavilhão Lucas
Nogueira Garcez, a Associação
Brasil 500 Anos pretende trazer a
elite das artes plásticas mundiais
para dentro da "Oca".
"Queremos fazer parte do circuito de Fórmula 1 das grandes
exposições", brinca Edemar Cid
Ferreira. Para tanto, ele conta
com os acordos que já foram feitos com museus de todo o mundo
para a exposição no exterior da
Mostra do Redescobrimento.
Já estão acertadas parcerias com
grandes instituições como o
Beaubourg, em Paris, o British
Museum, em Londres, e o Guggenheim de Nova York. Esse último,
aliás, o famoso prédio espiralado
de Frank Lloyd Wright, perderia
no quesito beleza para a "Oca", de
acordo com Mendes da Rocha.
Passeando no prédio, ainda durante a finalização das obras, capacete na cabeça, o arquiteto elogia a espacialidade do museu.
"Demos a volta no prédio e ele parecia um ovinho. Ele se desdobra
espacialmente de uma forma tão
imprevisível e bonita. É uma maravilha suprema", diz com olhos
brilhando.
A "suprema maravilha" de Niemeyer vai abrigar dois dos 12 módulos da Mostra do Redescobrimento: Arqueologia, com curadoria de Maria Cristina Mineiro
Scatamacchia e Eduardo Goes
Neves, do Museu de Arqueologia
e Etnologia da USP, e Artes Indígenas, curada por Lúcia Hussak
van Velthem (do museu Emílio
Goeldi, no Pará) e José António
Braga Fernandes Dias (da Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa).
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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