São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 2000


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MODA

Miu Miu contagia mais do que "marca-mãe"


ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão



Alberta Ferretti, Miu Miu e Giorgio Armani encerraram anteontem a temporada de prêt-à-porter outono-inverno 2000 de Milão. Desde ontem os desfiles acontecem em Paris.
Miu Miu foi a grande atração do dia, com um desfile cheio de bossa, de ironia, de juventude e de informação de moda. Mais acessível e contagiante até que o da Prada -a primeira marca da família da estilista Miuccia Prada.
Ao som de bucólicos grilos e de um suave clarinete, a loura Colette abre a apresentação. Bolsas-saco com alças e uma casquete meio de caçadora ilustram uma imagem nova, em que apenas as saias justas com ampla fenda atrás remetem a uma silhueta retrô. Folk-couture, o vestido de Angela Lindvall tem cintura marcada com cintinho, saia um pouco rodada pelo joelho e blusa sem mangas. A sandália é meio Carmen Miranda, variação (da Prada) com dedo à vista e tiras cruzadas, salto anabela.

Adolescência
Saias amplas e vestidos na mesma forma, de cetim bege ou rosê, ganham o efeito de combinação, como se fossem forros de vestidos, em reveladora adolescência. Bermudas usadas com blazers de lã estruturados ficam chiques, bem como os jaquetões pretos com tira atrás. Tudo com a ironia típica da Prada.
Começam as estampas (em marrom e vermelho), perfeitas no conjunto de lacquard estampado, esse bem 40, com decote aberto no colo. Listras bege e marrom aparecem nas blusas canoa com saias de lã cinza com fendas, ou mesmo na saia listrada em diagonal. Outro bom exemplo é o vestido-lenço, frente-única, de alcinha visto de costas, de seda florida.
Entram os pretos, e um top tomara-que-caia com amarração de écharpe é usado com short de seda (até ontem símbolo maior da cafonice), e o short, por sua vez, ganha jaquetão de couro preto (em Maggie Rizer, pelo menos, ficou lindo).
O look de blusa sem manga de cetim verde duchesse, com saia xadrez pelo joelho, pode ser visto como nova imagem de elegância jovem, e o vestido camponesa branco com manga curta repuxada e saia com volume desafia os limites da simplicidade. O Planeta Fashion vive uma febre.
Desde meados dos anos 90 Miuccia Prada acumula méritos. Inventou a cultura do "hype invisível", quando roupas esquisitas de cores estranhas, "feias", até então não usadas na moda, chegaram às passarelas em proporções supercalculadas. Só quem entendia de moda sabia de onde era a roupa -e seu preço. Miuccia Prada reergueu a marca de acessórios de sua família sobre acessórios de náilon preto (com o célebre logo do triângulo prateado) que foram copiados em todo o mundo -como tudo o que faz. Depois, deitou e rolou sobre a moda esportiva e o minimalismo, reinando no mundo do marketing. Agora se reinventa. Uma criadora para os anos 2000.




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