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MODA
Miu Miu contagia mais do que "marca-mãe"
ERIKA PALOMINO
enviada especial a Milão
Alberta Ferretti, Miu Miu e
Giorgio Armani encerraram anteontem a temporada de prêt-à-porter outono-inverno 2000 de
Milão. Desde ontem os desfiles
acontecem em Paris.
Miu Miu foi a grande atração do
dia, com um desfile cheio de bossa, de ironia, de juventude e de informação de moda. Mais acessível
e contagiante até que o da Prada
-a primeira marca da família da
estilista Miuccia Prada.
Ao som de bucólicos grilos e de
um suave clarinete, a loura Colette abre a apresentação. Bolsas-saco com alças e uma casquete meio
de caçadora ilustram uma imagem nova, em que apenas as saias
justas com ampla fenda atrás remetem a uma silhueta retrô. Folk-couture, o vestido de Angela
Lindvall tem cintura marcada
com cintinho, saia um pouco rodada pelo joelho e blusa sem
mangas. A sandália é meio Carmen Miranda, variação (da Prada) com dedo à vista e tiras cruzadas, salto anabela.
Adolescência
Saias amplas e vestidos na mesma forma, de cetim bege ou rosê,
ganham o efeito de combinação,
como se fossem forros de vestidos, em reveladora adolescência.
Bermudas usadas com blazers de
lã estruturados ficam chiques,
bem como os jaquetões pretos
com tira atrás. Tudo com a ironia
típica da Prada.
Começam as estampas (em
marrom e vermelho), perfeitas no
conjunto de lacquard estampado,
esse bem 40, com decote aberto
no colo. Listras bege e marrom
aparecem nas blusas canoa com
saias de lã cinza com fendas, ou
mesmo na saia listrada em diagonal. Outro bom exemplo é o vestido-lenço, frente-única, de alcinha
visto de costas, de seda florida.
Entram os
pretos, e um top
tomara-que-caia com amarração de écharpe é usado com
short de seda
(até ontem símbolo maior da
cafonice), e o
short, por sua
vez, ganha jaquetão de couro preto (em
Maggie Rizer,
pelo menos, ficou lindo).
O look de blusa sem manga
de cetim verde
duchesse, com
saia xadrez pelo
joelho, pode ser
visto como nova imagem de
elegância jovem, e o vestido
camponesa
branco com
manga curta repuxada e saia
com volume
desafia os limites da simplicidade.
O Planeta Fashion vive uma febre.
Desde meados dos anos 90
Miuccia Prada acumula méritos.
Inventou a cultura do "hype invisível", quando roupas esquisitas
de cores estranhas, "feias", até então não usadas na moda, chegaram às passarelas em proporções
supercalculadas. Só quem entendia de moda sabia de onde era a
roupa -e seu preço. Miuccia Prada reergueu a marca de acessórios
de sua família sobre acessórios de
náilon preto (com o célebre logo
do triângulo prateado) que foram
copiados em todo o mundo -como tudo o que faz. Depois, deitou
e rolou sobre a moda esportiva e o
minimalismo, reinando no mundo do marketing. Agora se reinventa. Uma criadora para os anos
2000.
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