|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTES PLÁSTICAS
Mark Wallinger, que representou a Inglaterra na Bienal de Veneza, e Cláudia Marchetti são destaques
Pintura britânica é aperitivo da Bienal
DA REPORTAGEM LOCAL
O artista plástico e professor
Gerard Hemsworth dirige o
Goldsmiths College da Universidade de Londres há 20 anos. Ele
foi o responsável por tornar o local um celeiro de uma nova geração de artistas britânicos, vários
alavancados pela mostra "Sensation", em 97.
Há dois anos, Hemsworth esteve no Brasil, em busca de um local
para uma exposição sobre pintura. Seu contato foi a artista Cláudia Marchetti, a primeira brasileira a estudar no curso inglês, já há
dez anos.
"O Brasil está de fato no circuito
internacional, expôr aqui valoriza
o currículo dos artistas, e por isso
a mostra que Gerard organiza trará o que há de melhor na pintura
inglesa contemporânea", diz
Marchetti à Folha.
"Pintura como uma Linguagem
Estranha", com curadoria de
Hemsworth, será uma das sensações pré-Bienal, não só pela excelente palheta de artistas, mas por
focar a pintura, linguagem que,
após o domínio da fotografia, do
vídeo e das instalações nos anos
80 e 90, volta a ganhar fôlego nas
artes plásticas. Tanto que o curador da Bienal, Alfons Hug, tentou
limitar o espaço de vídeos na
mostra. Mas não teve muito sucesso. No segundo andar do pavilhão da Bienal já está sendo construído um imenso corredor para
os vídeos.
A mostra que é inaugurada no
dia 21, no Centro Cultural Britânico, apresenta 23 artistas que passaram pelo Goldsmiths College,
entre eles a própria Marchetti, o
sarcástico Mark Wallinger -que
representou a Inglaterra no ano
passado na Bienal de Veneza (a
obra está reproduzida ao lado)-
e outros que passaram pela "Sensation", como Alain Miller.
A abertura da exposição funcionará como a festa da representação britânica na Bienal. Londres é
uma das 12 cidades que compõem
a seção "Iconografias Metropolitanas", no evento, portanto terá
cinco artistas (Glenn Brown está
na Bienal e no Centro Cultural
Britânico), além da representação
nacional, feita pelo videoartista irlandês Willie Doherty.
"Para que a pintura contemporânea evite perder seu criticismo e
seja apreciada e assimilada, é preciso questionar a linguagem e o
modo como ela é encarada em
nossa cultura. Os artistas que integram esta mostra apresentam
uma visão da pintura contemporânea e de representação pictórica
ao mesmo tempo crítica e insistente -dois diálogos que formam as condições nas quais elas
atuam", afirma Hemsworth no
catálogo da exposição.
Um exemplo da função crítica a
que o curador se refere é a obra de
Marchetti. A artista faz referência
direta ao norte-americano Pollock, criador da action-painting.
Ela pinta no chão, como o artista,
mas em chapas de policarbonato,
um resistente acrílico, e ao expor
inverte as chapas, revelando o reverso da obra. Diálogo e ampliação com a própria história da arte.
No ano passado, São Paulo recebeu a ótima mostra inglesa
"Landscape", no Museu de Arte
de São Paulo. Foi a última estação
de uma longa itinerância. "Pintura como uma Linguagem Estranha" é inaugurada em São Paulo e
depois segue para importantes cidades da Europa ao longo do ano.
É um bom começo para a Bienal
de São Paulo. Tomara que seja
mantido o nível.
(FABIO CYPRIANO)
PINTURA COMO UMA LINGUAGEM ESTRANHA.
Mostra com 46 obras de 23
artistas da nova geração britânica, como
Glenn Brown, John Chilver e Michael
Stubbs. Curadoria: Gerard Hemsworth.
Onde: Centro Cultural Britânico (r.
Ferreira de Araújo, 741, tel. 0/xx/11/
3093-0553). Quando: abertura dia 21, às
20h (para convidados); de seg. a sex., das
9h às 20h; sáb. e dom., das 10h às 16h.
Até 17/4. Quanto: entrada gratuita.
Patrocinador: Cultura Inglesa.
Texto Anterior: Artes plásticas: Muito além da Bienal Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|