da Redação

O Tortoise é uma banda injustiçada no que diz respeito aos rótulos que são associados a ela. Quem gosta de rock tem medo de ouvir porque pensa que se trata de uma banda de free jazz. E quem aprecia jazz foge, pois acha que vai se deparar com um grupo de rock minimalista.
Na verdade é difícil encaixar esses americanos de Chicago em qualquer estilo. Mas, pela formação e pelo passado musical de seus integrantes, trata-se mesmo de um grupo de música instrumental com um pé no punk rock e o outro no jazz. Só.
Isso fica comprovado nos cerca de 65 minutos que duram as 12 faixas de "TNT", quarto álbum do Tortoise que chega ao Brasil com dois anos de atraso.
Mesmo demorado, o lançamento de 1998 é bem-vindo e bastante oportuno em 2000. O CD aporta por aqui graças a investimentos da gravadora/loja de discos/produtora de shows mineira Motor Music, que trouxe a banda em dezembro último.
Boa parte do álbum remete aos sons produzidos na Inglaterra (mais precisamente em Manchester), nos anos 80, pelo multiinstrumentista Vini Reilly e a sua banda, a cultuada Durutti Column. Uma outra parte lembra o experimentalismo hermético e jazzístico feito pelos nova-iorquinos do Sonic Youth em suas investidas no mundo instrumental no final dos anos 90.
Bases eletrônicas permeiam o disco inteiro, com detalhes sofisticados proporcionados por instrumentos pouco comuns ao rock, como xilofone e maracas. Eles ajudam a criar climas e atmosferas cinematográficas, trilha de um filme que só existe nas mentes dos integrantes do Tortoise.
Comentar músicas individualmente seria desonesto. "TNT" não é um trabalho para ser comprado devido a apenas uma faixa.
É para sentar numa poltrona, apertar a tecla "play" do toca-CDs e deixar rolar. O grande barato é perceber os detalhes sofisticados escondidos entre os dubs do baixo, a duração dos ecos das batidas eletrônicas, os sinos discretos que aparecem do nada, de surpresa, e a variação de timbres que muitas vezes não podem ser percebidos pelos ouvidos, mas tocam direto na pele. (LEANDRO FORTINO)

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