São Paulo, terça-feira, 28 de março de 2000


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MODA
Marca fundada em 1854 apresenta coleção hoje para convidados; estilista Marc Jacobs fala à Folha
Vuitton traz luxo a desfile no Brasil

Divulgação
Gisele Bundchen, durante desfile da marca na capital francesa


ERIKA PALOMINO
colunista da Folha

Luxo, glamour, jet set, dinheiro e status. Parece algo fora da sua realidade? Não para a marca francesa Louis Vuitton, que faz hoje seu primeiro desfile no Brasil, somente para convidados, em espaço junto de sua loja na rua Haddock Lobo, nos Jardins.
Fundada em 1854, a grife de luxo expandiu para a moda o elitizado conceito de suas malas e acessórios. Saiu das esteiras de aeroportos e dos turistas endinheirados para virar febre entre fashionistas e editores de moda. Nas duas últimas temporadas, principalmente, vem liderando a coqueluche da logomania. Claro: seu famoso monograma LV tem mais de cem anos.
O condutor dessa passagem é o estilista norte-americano Marc Jacobs, que entrou para a história da moda ao levar o estilo grunge às passarelas no início da década de 90. Ele estreou na Louis Vuitton em setembro de 98 e, desde então, operou proezas como a recuperação da estampa Damier (quadriculada) e o lançamento dos acessórios em vinil, em tons pastel, que ajudaram a rejuvenescer a imagem da grife.
Jacobs respondeu, por fax, às seguintes perguntas da Folha.

Folha - Você levou o grunge às passarelas no início dos anos 90 e agora veste as mais luxuosas jet setters do mundo. O que mudou em você como estilista e de que modo as mulheres mudaram desde então?
Marc Jacobs -
Eu evoluí com o tempo, mas não muito. Penso que as mulheres estão mais internacionais. Tudo vai mais rápido, e você pode conseguir tudo o que quiser onde quer que esteja.

Folha - Quais são as diferenças entre o atual revival dos anos 80 e a verdadeira década? Quando ela ocorreu?
Jacobs -
O espírito é diferente. Nos anos 80, lembro-me de que não podíamos comprar aquelas roupas, então, como um jovem, era uma espécie de competição. Nós não podíamos comprar um Gaultier ou um casaco de Azzedine Alaia, então você ia até uma loja barata, comprava um terno masculino e colocava um pedaço de elástico atrás das costas e o cortava. Esse tipo de sensibilidade estava acontecendo em Nova York também, em lojas como a Unique Clothing Warehouse e a Canal Jeans, e em Paris era chamado Frip. A coleção de inverno é sobre as memórias daquele período em Paris, que também foi o meu primeiro na cidade. É uma adaptação dos 80 para o novo milênio.

Folha - Sua coleção de primavera-verão 2000 ajudou a detonar a logomania. O que você acha dessa atual coqueluche? Jacobs - Acho que, para uma casa como a Vuitton, um logo como o monograma é um ícone tão grande que era óbvio querermos brincar com ele. Desde o começo, fui inspirado pelo monograma e pela estampa Damier. Quando você tem esse tipo de status, as coisas ficam mais fáceis. Eu me recuso a abandonar os logos.

Folha - O que o inspirou nas duas últimas coleções?
Jacobs -
Para o verão, me inspirei num (ilustrador) francês chamado Kiraz e especialmente "Les Parisiennes de Kiraz". Nesta coleção, ainda me inspirei em Kiraz, mas de um modo new wave. Também me inspirei na revista "Jill", que é uma publicação francesa dos anos 80. E, é claro, na moda francesa dos anos 80, incluindo a modelo Edwige.

Folha - Em Milão, vi na loja Fiorucci uma carteira de verniz azul-bebê com o monograma, mas em vez de LV era HK, da Hello Kitty. Qual é sua opinião essas cópias?
Jacobs -
Fico muito orgulhoso ao ficar sabendo disso! Significa que o verniz com monograma é realmente um sucesso.


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