São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ARTES PLÁSTICAS
Obras pouca vistas de Goya e Friedrich estão entre os destaques de exposição no Pallazzo Grassi, até julho
Mostra em Veneza reúne visões do universo

Reprodução
"O Olho como um Estranho Balão Que se Move em Direção ao Infinito" (1882), de Odilon Redon


CELSO FIORAVANTE
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

A maneira como o universo tem despertado a atenção das artes plásticas no correr dos últimos três séculos é o tema da mostra "Cosmos: de Goya a De Chirico, de Friedrich a Kiefer - A Arte na Descoberta do Infinito", em cartaz no Pallazzo Grassi, em Veneza, até 23 de julho.
Trata-se da visão de um universo em que o homem, apesar de ser o protagonista, é também visto como um coadjuvante privilegiado, cuja maneira de olhar se transforma de acordo com os avanços técnicos, políticos e sociais de sua época. No século 18, por exemplo, com o advento do Iluminismo, que, ao depositar confiança no progresso e na razão humana, passa a ordenar o mundo de uma maneira mais racional, os artistas deslocam sua atenção das criações de Deus e passam a contar mais com a auto-suficiência da imaginação humana.
É o caso dos artistas-arquitetos franceses Étienne Boullée e Claude Nicolas Ledoux, cujas gravuras, que abrem a mostra, apresentam paisagens utópicas, em que as arquiteturas imaginárias dominam a cena. Ledoux diz, sem modéstia, que o arquiteto é o titã da Terra, "o rival de Deus, que criou o volume esférico".
O interesse pela documentação -e consequente assimilação- do Novo Mundo é representado em obras de Alexander von Humboldt e de outros naturalistas europeus, que realizaram expedições exploratórias às Américas a partir da segunda metade do século 18 e primeira do século 19.
O mais importante evento político deste século, a revolução socialista, entusiasmou os artistas soviéticos, como Malevich, Rodchenko, Suetin e Krutikov. Os dois primeiros, por exemplo, criaram representações de cidades espaciais e formas flutuantes que anteciparam foguetes e estações orbitais que se tornariam realidade a partir dos anos 50.
Vale lembrar que detalhes de paisagens já apareciam nas iluminuras e pinturas medievais, mas foi apenas no início do século 16 que elas se tornaram protagonistas, quando Albrecht Dürer decidiu pintar suas impressões de viagens e Giorgione passou a utilizar seu domínio da cor e da luz para criar paisagens imaginárias.


Texto Anterior: Marcelo Coelho: No futuro próximo, a verdade tenderá a desaparecer
Próximo Texto: Artista russo Ilya Kabakov se sobressai
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.