São Paulo, quarta-feira, 28 de junho de 2000 |
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ARTES PLÁSTICAS Obras pouca vistas de Goya e Friedrich estão entre os destaques de exposição no Pallazzo Grassi, até julho Mostra em Veneza reúne visões do universo
CELSO FIORAVANTE ENVIADO ESPECIAL A VENEZA A maneira como o universo tem despertado a atenção das artes plásticas no correr dos últimos três séculos é o tema da mostra "Cosmos: de Goya a De Chirico, de Friedrich a Kiefer - A Arte na Descoberta do Infinito", em cartaz no Pallazzo Grassi, em Veneza, até 23 de julho. Trata-se da visão de um universo em que o homem, apesar de ser o protagonista, é também visto como um coadjuvante privilegiado, cuja maneira de olhar se transforma de acordo com os avanços técnicos, políticos e sociais de sua época. No século 18, por exemplo, com o advento do Iluminismo, que, ao depositar confiança no progresso e na razão humana, passa a ordenar o mundo de uma maneira mais racional, os artistas deslocam sua atenção das criações de Deus e passam a contar mais com a auto-suficiência da imaginação humana. É o caso dos artistas-arquitetos franceses Étienne Boullée e Claude Nicolas Ledoux, cujas gravuras, que abrem a mostra, apresentam paisagens utópicas, em que as arquiteturas imaginárias dominam a cena. Ledoux diz, sem modéstia, que o arquiteto é o titã da Terra, "o rival de Deus, que criou o volume esférico". O interesse pela documentação -e consequente assimilação- do Novo Mundo é representado em obras de Alexander von Humboldt e de outros naturalistas europeus, que realizaram expedições exploratórias às Américas a partir da segunda metade do século 18 e primeira do século 19. O mais importante evento político deste século, a revolução socialista, entusiasmou os artistas soviéticos, como Malevich, Rodchenko, Suetin e Krutikov. Os dois primeiros, por exemplo, criaram representações de cidades espaciais e formas flutuantes que anteciparam foguetes e estações orbitais que se tornariam realidade a partir dos anos 50. Vale lembrar que detalhes de paisagens já apareciam nas iluminuras e pinturas medievais, mas foi apenas no início do século 16 que elas se tornaram protagonistas, quando Albrecht Dürer decidiu pintar suas impressões de viagens e Giorgione passou a utilizar seu domínio da cor e da luz para criar paisagens imaginárias. Texto Anterior: Marcelo Coelho: No futuro próximo, a verdade tenderá a desaparecer Próximo Texto: Artista russo Ilya Kabakov se sobressai Índice |
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