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São Paulo, sábado, 28 de junho de 2003

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ARTES VISUAIS

Museu do Holocausto completa dez anos com a mais completa exposição sobre a adolescente judia-alemã

Anne Frank provoca corrida a museu

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

A história deprimente de uma menina não muito bonita que morre no final tem atraído multidões a um dos mais concorridos museus de Washington. A ponto de ingressos terem de ser retirados com várias horas ou até um dia de antecedência.
Para marcar seus dez anos, o Museu do Holocausto americano montou este mês a mais completa exposição sobre a -talvez- adolescente mais famosa do mundo, a judia-alemã autora do "Diário de Anne Frank".
A exposição importou boa parte dos documentos e fotos do Museu Anne Frank, da Holanda, e reuniu uma série de textos e ensaios de ficção escritos por Anne e nunca antes expostos. Os textos inéditos datam entre julho de 1942 e agosto de 1944, período em que Anne, sua família e quatro pessoas permaneceram confinados a alguns cômodos nos fundos de um prédio em Amsterdã, escondidos dos nazistas.
Foi nesse período que Anne começou a escrever assiduamente.
Quando ainda estava no esconderijo, em março de 1944, o governo holandês exilado em Londres transmitiu mensagem de rádio ao país estimulando os cidadãos a guardarem diários, cartas e outros itens que documentassem a ocupação nazista, iniciada em maio de 1940. Quatro meses depois, o esconderijo da família Frank, que já havia fugido de Frankfurt e da ascensão de Adolf Hitler em 1933, era descoberto.
Todos os ocupantes do chamado "anexo" do prédio foram enviados a campos de concentração. Em março de 1945, Anne, então com 15 anos, morreu em Bergen-Belsen, na Alemanha. Antes da descoberta do esconderijo, Anne teve tempo de editar meticulosamente suas anotações no que se tornou o famoso "Diário de Anne Frank". A maior parte do que escreveu ficou guardada com uma das pessoas que ajudaram os Frank a se esconder. Tudo foi devolvido ao único sobrevivente da família, Otto Frank, pai de Anne.
O "Diário de Anne Frank" foi publicado em 1947 e hoje está traduzido em mais de 70 línguas.
Além da exposição sobre Anne Frank e da mostra permanente, o Museu do Holocausto expõe também coleção de fotos e documentos sobre o banimento que os nazistas impuseram, em 1933, a livros de autores norte-americanos e judeus, principalmente. Algumas mostram as obras ardendo em praça pública. Ao redor, jovens loiros vestidos de preto gritam em transe, libertando a profecia do poeta judeu-alemão Heinrich Heine (1797-1856): "Onde se queimam livros, em breve passarão a queimar pessoas".


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