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ARTES VISUAIS
Museu do Holocausto completa dez anos com a mais completa exposição sobre a adolescente judia-alemã
Anne Frank provoca corrida a museu
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
A história deprimente de uma
menina não muito bonita que
morre no final tem atraído multidões a um dos mais concorridos
museus de Washington. A ponto
de ingressos terem de ser retirados com várias horas ou até um
dia de antecedência.
Para marcar seus dez anos, o
Museu do Holocausto americano
montou este mês a mais completa
exposição sobre a -talvez-
adolescente mais famosa do
mundo, a judia-alemã autora do
"Diário de Anne Frank".
A exposição importou boa parte
dos documentos e fotos do Museu Anne Frank, da Holanda, e
reuniu uma série de textos e ensaios de ficção escritos por Anne e
nunca antes expostos. Os textos
inéditos datam entre julho de
1942 e agosto de 1944, período em
que Anne, sua família e quatro
pessoas permaneceram confinados a alguns cômodos nos fundos
de um prédio em Amsterdã, escondidos dos nazistas.
Foi nesse período que Anne começou a escrever assiduamente.
Quando ainda estava no esconderijo, em março de 1944, o governo holandês exilado em Londres transmitiu mensagem de rádio ao país estimulando os cidadãos a guardarem diários, cartas e
outros itens que documentassem
a ocupação nazista, iniciada em
maio de 1940. Quatro meses depois, o esconderijo da família
Frank, que já havia fugido de
Frankfurt e da ascensão de Adolf
Hitler em 1933, era descoberto.
Todos os ocupantes do chamado "anexo" do prédio foram enviados a campos de concentração.
Em março de 1945, Anne, então
com 15 anos, morreu em Bergen-Belsen, na Alemanha. Antes da
descoberta do esconderijo, Anne
teve tempo de editar meticulosamente suas anotações no que se
tornou o famoso "Diário de Anne
Frank". A maior parte do que escreveu ficou guardada com uma
das pessoas que ajudaram os
Frank a se esconder. Tudo foi devolvido ao único sobrevivente da
família, Otto Frank, pai de Anne.
O "Diário de Anne Frank" foi
publicado em 1947 e hoje está traduzido em mais de 70 línguas.
Além da exposição sobre Anne
Frank e da mostra permanente, o
Museu do Holocausto expõe também coleção de fotos e documentos sobre o banimento que os nazistas impuseram, em 1933, a livros de autores norte-americanos
e judeus, principalmente. Algumas mostram as obras ardendo
em praça pública. Ao redor, jovens loiros vestidos de preto gritam em transe, libertando a profecia do poeta judeu-alemão Heinrich Heine (1797-1856): "Onde
se queimam livros, em breve passarão a queimar pessoas".
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