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Grupos revivem deuses e mitos de origem africana
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Os deuses e mitos africanos, depois de séculos de ostracismo no
teatro ocidental, estão ganhando
os palcos do mundo inteiro por
meio de produções de países da
América e da África, onde seu culto é uma realidade cotidiana.
Após turnês por vários continentes, estão em Belo Horizonte
os grupos Amlima, do Togo (África), e Teatro Buendía, de Cuba,
para apresentar seus trabalhos no
FIT-BH.
O Amlima é formado por togoleses oriundos de várias tribos africanas, cada uma com seus rituais.
O grupo mostra há cinco anos o
espetáculo de rua "Aguto", que
reúne tradições praticadas até hoje
pelas tribos togolesas.
O ator Jean, de uma tribo do sul
de Togo, por exemplo, mostra as
tatuagens feitas no seu rosto quando ainda era criança, em reverências ao píton, uma raça de serpentes de sua região.
Segundo Jean, o vodu (entidade
mística) é invocado nos rituais de
todas as tribos para pedir aos deuses que tragam prosperidade e
saúde. No caso de sua tribo, ela
acredita que o píton os protege de
outros povos na guerra.
No grupo existem ainda membros de uma tribo que prevê as estações do ano e de outra que vive
em árvores e, por isso, aprende
desde cedo a andar em pernas de
pau, elemento também utilizado
nas apresentações.
"Outra Tempestade", do grupo
cubano Buendía, faz uma colagem
de textos clássicos de Shakespeare
e mitos afro-caribenhos. As divindades que aparecem no palco, como Oxum e Iemanjá, também são
conhecidas dos brasileiros.
Para a dramaturga Raquel Carrió, do grupo Buendía, há muita
semelhança entre os ritos de origem ioruba como são praticados
em Cuba e o candomblé brasileiro, incluindo deuses com os mesmos nomes e funções rituais.
Na peça, personagens clássicos,
como Otelo, sofrem transformações ao receber as divindades em
seus corpos. A atriz Juana García,
que interpreta a personagem shakespeariana Miranda na peça, diz
que é impossível separar os mitos
afro-caribenhos do cotidiano do
povo cubano, mas que a influência
européia do colonizador branco
também não pode ser negada.
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