São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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LANÇAMENTO

Nova gravadora vai apostar em pop, rock alternativo e música eletrônica; distribuição será da Universal

FNM quer comer a Trama pelas bordas

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

A Trama, gravadora que nasceu há três anos com a pretensão de ser provedora de música de qualidade, acaba de ver nascer sua primeira concorrente.
Com investimento inicial modesto -cerca de R$ 150 mil-, a FNM (lê-se "fênemê", como o antigo caminhão) surgiu de uma dissidência da Trama e deverá apostar em filões parecidos: pop rock brasileiro, hip hop, rock alternativo e música eletrônica -inclusive a produzida no Brasil.
A vantagem que a FNM leva na largada porém é uma parceria já selada com a gigante Universal. A "major" distribuirá os lançamentos da FNM pelo Brasil, namoro que a Trama já havia aventado sem sucesso. Além disso, a Universal abriu seu acervo à nova gravadora, que poderá pinçar artistas e lançá-los sob sua marca.
Assim surgiram os primeiros lançamentos internacionais da FNM, que devem aterrissar nas lojas nos próximos dias: o rock à Led Zeppelin dos Hellacopters (com o disco "High Visibility"), o breakbeat do Crystal Method ("Tweekend") e o lounge eletrônico bacaníssimo do De-Phazz ("Death by Chocolate").

Racha
A história toda começou quando o então diretor geral da Trama, João Paulo Mello, 44, comprou uma master -fita ou CD com gravações originais- da banda Professor Antena.
"A idéia de criar a FNM começou com eles. Fiquei interessado no som dos meninos, queria lançar. Isso poderia ter saído por um subselo da Trama. Mas vi ali uma oportunidade", conta Mello. O disco "Prafrentex", do Professor Antena, é o primeiro lançamento nacional da FNM.
Para montar a gravadora, Mello chamou o gerente internacional da Trama, Marcelo Masky, 36. A eles, somou-se Cristina Valente, 39, que já havia passado por EMI, Sony Music, BMG, Abril Music, Polygram.
"Não chegou a haver racha com a Trama. O que aconteceu foi uma diferença de objetivos. Desde o tempo em que trabalhava na Virgin tinha vontade de montar uma gravadora", explica Mello. O executivo foi um dos responsáveis pela entrada da Virgin no Brasil. Foi ali que trabalhou pela primeira vez com João Marcelo Bôscoli, criador da Trama, que chamou Mello para ajudar a montar a empresa. Lá, ele estruturou as áreas internacional e de vendas.
"Na Trama, começamos do zero, com pouca gente. Numa salinha como essa aqui", lembra Mello. Outra semelhança com a Trama é a vontade de criar uma coerência entre os artistas que assinarão com a FNM.
"Essa coisa pop rock deverá ser um norte para nós", diz a sócia Cristina Valente. "O que vai importar mesmo é a qualidade da banda. Queremos que nossos produtos tenham uma cara."
Ao contrário da Trama, que tem o grupo VR por trás, a FNM não tem sócios capitalistas. Para suprir a falta de grana, os artistas que saírem pela FNM serão sócios da gravadora. "Eles vão pagar uma parte dos gastos, e nós pagaremos outra. Isso embute responsabilidade à relação. Entramos com o know-how, e os artistas com a música", resume Masky.



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