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LIVROS/LANÇAMENTOS
"PAI E FILHO"
Em novo trabalho, escritor evita comparações com Nick Hornby
"Morte de Diana mudou o inglês", diz Tony Parsons
MARIANA DELLA BARBA BARROS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES
Depois de lançar três best-sellers, ter uma coluna no tablóide
inglês "Daily Mirror", colaborar
em uma revista feminina e programas de TV, ser convidado para
participar do "reality show" "Big
Brother" e ter sido um dos mais
famosos jornalistas do movimento punk, o escritor inglês Tony
Parsons, 50, autor do livro "Pai e
Filho", que sai agora no Brasil,
pensa em parar um pouco e curtir
a mulher e a filha recém-nascida.
Mas a idéia passa rápido e ele
começa a falar, em entrevista à
Folha, de sua carreira, seus próximos projetos e até da possibilidade de Tom Cruise ser o protagonista da versão cinematográfica
de seu livro.
Folha - Ser comparado com Nick
Hornby te incomoda?
Parsons - Não, somos vizinhos
[Hornby também mora no norte
de Londres", amigos e eu o admiro. Mas apesar de tratarmos de temas parecidos, somos escritores
muito diferentes.
Folha - Seu filho, assim como Pat,
no livro, era fã de "Guerra nas Estrelas". Ele já passou dessa fase?
Parsons - Não, infelizmente (risos). Ele tem 22 anos e ainda ama
"Guerra nas Estrelas". Fomos ver
"Ataque dos Clones" juntos. Um
dos motivos é que ele faz parte da
primeira geração de crianças que
teve vídeo em casa.
Folha - É verdade que Tom Cruise
pode estrelar a versão hollywoodiana de "Pai e Filho"?
Parsons - Seria o elenco dos sonhos, mas ele está meio velho para o papel (risos). Ele tem 40 anos
e o Harry, 30. Mas nada que alguns meses de academia não resolvam, afinal, seria loucura recusá-lo. Matt Damon talvez estaria
mais na idade.
Folha - No livro "One for My
Baby", você fala que os ingleses tinham dificuldades em expressar
suas emoções, mas que depois da
morte da Lady Di, o problema é fazê-los parar. Como isso pôde provocar tanta mudança?
Parsons - A morte da Diana não
causou essa ruptura, mas serviu
para mostrar essa mudança de
comportamento. No dia em que
ela morreu, vi marmanjos e menininhas chorando pelas ruas. Há
dez, 15 anos, essa comoção generalizada era impensável.
Folha - Você assistiu ao filme
"Quase Famosos"? Se identificou
com o menino que acompanha
bandas famosas como jornalista?
Parsons - Assisti e me lembrei
muito do meu passado. O menino
do filme tinha 14 anos e, quando
comecei a escrever para o "NME"
(tablóide musical inglês), eu tinha
22, mas me senti como ele porque
fui jogado de repente nesse mundo diferente, cheio de drogas, sexo, viagens e grana. Como eu tinha quase a mesma idade dos
músicos, descobrimos muitas
coisas juntos. Foi legal, foi a minha faculdade.
Folha - Todo crítico musical é um
músico frustrado?
Parsons - Com certeza! Tinha até
um pessoal que queria que eu
aprendesse a tocar bateria para
entrar na banda deles. Mas como
achava que escrever era mais fácil,
os caras do The Clash desistiram.
(risos)
Folha - Já tem idéias para o próximo livro?
Parsons - Vou escrever sobre
gravidez. Acompanhar o ultra-som da minha mulher mexeu
muito comigo.
Folha - O que você está fazendo
atualmente?
Parsons - Ainda estou tentando
aprender a tocar bateria (risos) e
também escrevendo uma série
para a TV, algo como "Os Sopranos", em que reflito um pouco sobre o clima que senti quando viajei pelos Estados Unidos.
Folha - Você foi mesmo convidado para participar de um "Big Brother" com celebridades?
Parsons - Sim, mas não vou. Até
queria, mas minha mulher, meu
editor e meu motorista me aconselharam a não ir.
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