São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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LIVROS/LANÇAMENTOS

"PAI E FILHO"

Em novo trabalho, escritor evita comparações com Nick Hornby

"Morte de Diana mudou o inglês", diz Tony Parsons

MARIANA DELLA BARBA BARROS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM LONDRES

Depois de lançar três best-sellers, ter uma coluna no tablóide inglês "Daily Mirror", colaborar em uma revista feminina e programas de TV, ser convidado para participar do "reality show" "Big Brother" e ter sido um dos mais famosos jornalistas do movimento punk, o escritor inglês Tony Parsons, 50, autor do livro "Pai e Filho", que sai agora no Brasil, pensa em parar um pouco e curtir a mulher e a filha recém-nascida.
Mas a idéia passa rápido e ele começa a falar, em entrevista à Folha, de sua carreira, seus próximos projetos e até da possibilidade de Tom Cruise ser o protagonista da versão cinematográfica de seu livro.

Folha - Ser comparado com Nick Hornby te incomoda?
Parsons -
Não, somos vizinhos [Hornby também mora no norte de Londres", amigos e eu o admiro. Mas apesar de tratarmos de temas parecidos, somos escritores muito diferentes.

Folha - Seu filho, assim como Pat, no livro, era fã de "Guerra nas Estrelas". Ele já passou dessa fase?
Parsons -
Não, infelizmente (risos). Ele tem 22 anos e ainda ama "Guerra nas Estrelas". Fomos ver "Ataque dos Clones" juntos. Um dos motivos é que ele faz parte da primeira geração de crianças que teve vídeo em casa.

Folha - É verdade que Tom Cruise pode estrelar a versão hollywoodiana de "Pai e Filho"?
Parsons -
Seria o elenco dos sonhos, mas ele está meio velho para o papel (risos). Ele tem 40 anos e o Harry, 30. Mas nada que alguns meses de academia não resolvam, afinal, seria loucura recusá-lo. Matt Damon talvez estaria mais na idade.

Folha - No livro "One for My Baby", você fala que os ingleses tinham dificuldades em expressar suas emoções, mas que depois da morte da Lady Di, o problema é fazê-los parar. Como isso pôde provocar tanta mudança?
Parsons -
A morte da Diana não causou essa ruptura, mas serviu para mostrar essa mudança de comportamento. No dia em que ela morreu, vi marmanjos e menininhas chorando pelas ruas. Há dez, 15 anos, essa comoção generalizada era impensável.

Folha - Você assistiu ao filme "Quase Famosos"? Se identificou com o menino que acompanha bandas famosas como jornalista?
Parsons -
Assisti e me lembrei muito do meu passado. O menino do filme tinha 14 anos e, quando comecei a escrever para o "NME" (tablóide musical inglês), eu tinha 22, mas me senti como ele porque fui jogado de repente nesse mundo diferente, cheio de drogas, sexo, viagens e grana. Como eu tinha quase a mesma idade dos músicos, descobrimos muitas coisas juntos. Foi legal, foi a minha faculdade.

Folha - Todo crítico musical é um músico frustrado?
Parsons -
Com certeza! Tinha até um pessoal que queria que eu aprendesse a tocar bateria para entrar na banda deles. Mas como achava que escrever era mais fácil, os caras do The Clash desistiram. (risos)

Folha - Já tem idéias para o próximo livro?
Parsons -
Vou escrever sobre gravidez. Acompanhar o ultra-som da minha mulher mexeu muito comigo.

Folha - O que você está fazendo atualmente?
Parsons -
Ainda estou tentando aprender a tocar bateria (risos) e também escrevendo uma série para a TV, algo como "Os Sopranos", em que reflito um pouco sobre o clima que senti quando viajei pelos Estados Unidos.

Folha - Você foi mesmo convidado para participar de um "Big Brother" com celebridades?
Parsons -
Sim, mas não vou. Até queria, mas minha mulher, meu editor e meu motorista me aconselharam a não ir.



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