|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Romance celebra esperança por final feliz
ANTONIO BIVAR
ESPECIAL PARA A FOLHA
Tony Parsons escreveu cinco romances antes de estourar com "Pai e Filho", em 1999. O livro, que ganhou versão televisiva na BBC, está chegando às livrarias brasileiras como "Pai e Filho", em tradução decente.
O título brasileiro procede: além
de criar o filho de quatro anos
quando seu casamento acaba,
Harry, o narrador, tem também
seu próprio pai, que irá morrer de
câncer. Pai e filho, sim, o livro,
mas também mães, mulheres etc.
A trama do romance é extremamente família. Harry é casado
com Gina. Harry é filho de um casamento feliz enquanto Gina é filha de um casamento fracassado.
Gina sonha com uma vida certa.
Tudo, no trabalho e no lar, parece
estar "o melhor impossível" para
Harry. Mas, como ele está para fazer 30 anos, sente um ligeiro comichão e acaba pulando a cerca.
Harry torna-se, de repente, um
pai solteiro. Não erra quem, lendo
esta resenha, pensa: "mas estamos no terreno da soap opera!".
Estamos. Mas isso não chega a
comprometer o trabalho.
Tony Parsons revela-se um craque nesse terreno. Amarra muito
bem a trama e sabe causar efeitos
especiais-sentimentais. Como,
aliás, seu colega Nick Hornby e
outros brilhantes cronistas vindos
da classe média.
Em se tratando de um romancista atual, no pós-moderno das
inserções, há uma familiaridade
das citações: quando a garçonete
diz seu nome, o som que Harry
entende o faz perguntar Sid, de
Sid Vicious, ou Cyd, de Cyd Charisse? E ela responde que é Cyd, de
Cyd Charisse (a bailarina da Metro); Frank Sinatra também está
presente, assim como Dean Martin e outros gêneros musicais, de
Led Zeppelin ao hip hop, de Shirley Bassey a Madonna. E os brinquedos infantis: "Guerra nas Estrelas" e Barbie. O humor de Parsons é nada exacerbado. Mas
também se mostra mestre no saber arrancar lágrimas.
Como mostra seu novo romance, "Man and Wife", Parsons segue variações sobre o mesmo tema: o pensamento conservador
em choque com as intempéries; a
nostalgia de uma Inglaterra que
não mais existe e de um mundo
que vai ficando para trás; os horrores da vida moderna mas também a centelha de esperança por um final feliz. Em suma: Tony
Parsons sabe fazer um bom drama da vida como ela é, hoje.
Antonio Bivar é dramaturgo, escritor e
autor de "O que É Punk", entre outros.
Pai e Filho
Man and Boy
Autor: Tony Parsons
Tradução: Pedro Jorgensen Jr.
Editora: Sextante
Quanto: R$ 26 (349 págs.)
Texto Anterior: "Pai e Filho": "Morte de Diana mudou o inglês", diz Tony Parsons Próximo Texto: "Falando com o Anjo": Organizada por Hornby, coletânea é irregular Índice
|