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DRAMATURGIA
Geração começa a ganhar montagens
da Reportagem Local
O escritor Marcelo Rubens Paiva
estréia as suas peças "E aí, Comeu?" e "O Predador Entra na Sala" no início do próximo ano, respectivamente sob direção de Paulo
Betti, no Rio, e de Ulysses Cruz, em
São Paulo.
A escritora Patrícia Melo faz os
ajustes finais em "Duas Mulheres e
um Cadáver", a ser dirigida -ainda sem data- por Renata Melo e
Daniela Thomas.
O escritor José Roberto Torero
estreou "Omelete" há uma semana
no Rio, com direção de Hamilton
Vaz Pereira.
É uma geração de autores mais
conhecida por seus romances ou
contos, mas que, de um jeito ou de
outro, já experimentou -e insiste
com- o teatro.
Patrícia Melo co-escreveu a peça
"Duvidae", que estreou em 92,
com direção de Luciana Chaui.
Também já adaptou textos de Thomas Bernhard e de Marguerite Duras para o teatro.
O primeiro texto de ficção de Torero, que escreve sempre junto
com Marcus Aurelius Pimentel, foi
uma peça de teatro, "Sic Transit
Gloria Dei", de 89.
Como Fernando Bonassi com
"As Coisas Ruins da Nossa Cabeça", Torero também foi premiado
naquele ano pela Secretaria de Estado da Cultura, em São Paulo.
Mas nem um nem outro tiveram
as suas peças montadas.
Também em 89, Paiva, que vinha de dois anos no curso de dramaturgia do Centro de Pesquisa
Teatral (CPT) de Antunes Filho,
estreou, com direção de Ricardo
Karman, "525 Linhas". É sua única peça montada até hoje.
O que manteve os escritores fora
do palco foi, além da relutância de
diretores e atores, o renascimento
do cinema, nesta década. De Bonassi a Patrícia Melo, todos escreveram roteiros e alguns até dirigiram seus próprios filmes.
Na maior parte, trabalham com
igual prazer com diálogo ou narrativa -embora Torero, por
exemplo, fale da dificuldade de
criar ações para muitos personagens em cena, da dificuldade de
ser "preciso pensar a ação".
Paiva, que chegou a ser ator, tem
uma crítica mais direta. "É uma
linguagem muito presa à mecânica da peça, muito careta", diz. "A
literatura se libertou mais. Isso é
irritante em teatro. As pessoas de
teatro são muito caretas."
Patrícia Melo escreveu os romances "Elogio da Mentira" e
"Acqua Toffana", entre outros.
Marcelo Paiva, "Feliz Ano Velho"
e "Blecaute". Torero, "Galantes
Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes, o Chalaça" e "Terra Papagalli".
(NELSON DE SÁ)
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