São Paulo, Quinta-feira, 28 de Outubro de 1999
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FIAC
Estrela da dança espanhola se exibe em SP

Divulgação
A dançarina de flamenco Eva la Barbabuena, 29, (à frente) uma das atrações deste ano do FIAC


especial para a Folha

O 8º Festival Internacional de Artes Cênicas (Fiac) de São Paulo, que tem como tema neste ano a diáspora cigana, apresenta a partir de hoje a dançarina de flamenco Eva la Barbabuena.
Aos 29 anos, Eva é uma das novas estrelas internacionais da dança espanhola. Em sua primeira temporada em São Paulo, ela vem acompanhada de um grupo de músicos e cinco bailarinos, além da cantora Carmen Linares, outra personalidade de destaque do flamenco.
Embora já tenha trabalhado com o bailarino Joaquín Cortés, Eva não associa o flamenco a apelos pop. Tampouco explora roteiros dramatúrgicos, como faz Antonio Gades.
Com Eva, os fãs do flamenco verão um espetáculo livre de efeitos, mas articulado com as tradições legítimas e o virtuosismo desta dança, que continua sendo cultuada em todo o mundo.
"Sou muito clássica. Procuro preservar as formas originais, o que não significa que eu não aprecie o flamenco moderno. Apenas não gosto dessa identificação porque não há nada a inventar no flamenco. O que um intérprete pode trazer de novo é a personalidade própria", declarou Eva ao jornal "El País".

Curtas
Curiosamente, Eva nasceu na Alemanha. Mas, ainda bebê, sua família voltou para a Espanha, na região de Granada, onde começou a aprender dança aos 11 anos. Aluna de mestres importantes, montou sua própria companhia em 1997.
Nos espetáculos em São Paulo, ela interpretará especialidades diversas do flamenco, como bulerias, tangos, seguiryias, soleás e granadinas. Outra característica de Eva é seu entrosamento singular com a cantora Carmen Linares.
Deixando-se guiar especialmente pelo canto, que ela considera o principal elemento do flamenco, Eva costuma diminuir a intensidade de sua dança, para que, em alguns momentos, a coreografia dê lugar à música cantada.
Por essa razão, estabelece uma parceria poderosa com Carmen Linares, cujo repertório inclui pesquisas que associam o "cante jondo" (estilo de origem cigana que representa a tristeza e a melancolia do povo andaluz) às sonoridades de orquestras sinfônicas e de câmera.
Laureada pela Academia Francesa do Disco, Carmen também explora formas contemporâneas do flamenco, tendo já trabalhado com a Minotaure Jazz Orchestra. Nascida na província espanhola de Jaén, Carmen é considerada uma espécie de Paco de Lucia do canto flamenco.
Nas apresentações no Fiac, Eva La Yerbabuena e Carmen Linares prometem bons momentos principalmente na interpretação dos "cantes jondos", dança e canto ciganos marcados pela aspereza e acompanhados somente pelo som do violão.
Tal especialidade é domínio de poucos. Para interpretá-la é preciso atingir o estado de graça do flamenco e deixar-se possuir pelo "duende". Culminando com uma atmosfera de festa e de febre cigana, teve em Carmen Amaya sua maior intérprete neste século. (ANA FRANCISCA PONZIO)



Espetáculo: Cia. Eva la Barbabuena e Carmen Linares
Quando: de hoje a sáb, às 21h; dom. às 20h
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça Ramos de Azevedo, s/nº; tel. 0/ xx/ 11/223-3022)
Quanto: de R$ 10 a R$ 40


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