São Paulo, sexta-feira, 28 de outubro de 2005

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CDS

COLEÇÃO FOLHA

Produção do compositor foi rotulada de "música do futuro"

Volume traz óperas do cultuado Richard Wagner

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Poucos compositores são objeto de um culto tão intenso quanto Richard Wagner, que está no volume de domingo da Coleção Folha de Música Clássica. Desde 1876, o ritual se repete: wagnerianos de todas as partes do globo reúnem-se na cidade alemã de Bayreuth para comparecer ao festival de verão que encena apenas óperas do compositor germânico, no teatro que foi planejado pelo próprio Wagner. A fila de espera para os ingressos é de sete anos.
Poucos, também, vêem-se no centro de polêmicas tão exacerbadas. Revolucionário na juventude, Wagner foi adotando posições cada vez mais anti-semitas ao longo de sua existência. Sua música foi adotada pelo Terceiro Reich e, até hoje, tentativas de execução de Wagner em Israel suscitam protestos de sobreviventes dos campos de extermínio.
Além da ópera "Rienzi", o disco traz excertos bastante conhecidos das óperas de Wagner, que lhe deram uma posição de liderança nas vanguardas estéticas do século 19. Como "A Cavalgada das Valquírias", trecho da ópera "A Valquíria", que faz parte da tetralogia "O Anel do Nibelungo", e foi utilizado por Francis Ford Coppola em "Apocalypse Now" (1979).
Pelas inovações harmônicas, a produção do compositor era rotulada de "música do futuro", e ele dizia almejar que seus espetáculos fossem a "obra de arte integrada" ("Gesamtkunstwerk"), fusão de todas as expressões artísticas. Para tanto, Wagner escrevia não apenas a música mas também o libreto das óperas, cuidando ainda de detalhes de encenação e, eventualmente, da regência.
Outra característica das óperas do compositor é o uso constante do "leitmotiv" ("motivo condutor"). Trata-se de um tema musical claramente definido, que representa uma pessoa, objeto, estado de espírito ou situação, e que retorna sempre que o personagem ao qual ele está associado entra em cena, ou é mencionado. Como se vê, um recurso amplamente empregado nas trilhas sonoras de filmes dos dias de hoje.


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