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TELEVISÃO
Apesar de ter uma vilã com um guarda-roupa marcante, a novela não consegue definir em que época se situa
Figurino de "Senhora" irrita e diverte
ISABELLE MOREIRA LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há tempos não se via um guarda-roupa tão marcante -e irritante- quanto o de Nazaré Tedesco, a psicopata-mor da novela
das oito "Senhora do Destino",
interpretada por Renata Sorrah,
57. Todos os dias, a ex-prostituta
Naza faz um verdadeiro desfile de
decotes, fendas e transparências
em tecidos como o veludo e a seda, usados para ir a qualquer lugar, a qualquer hora. Do mesmo
jeito que se arruma para ir à feira,
o faz para seduzir ou chantagear.
Para o estilista Bruno Otaviano,
as roupas de Nazaré marcam a
época do glamour de quando era
prostituta. "Ela usa roupas com
cara de cabaré, não importa a hora. É como se tivesse descendo para ir trabalhar", afirma.
Já o estilista Henry Alavez, da
Zoomp, diz que a Nazaré passa
uma imagem do "mal". "Ela carrega dogmas, é falsa, mentirosa.
Tem uma energia pesada. É do
mal. O figurino é extremamente
decadente porque ela é decadente
e vive uma coisa que não existe.
Não é dos que eu mais gosto."
Nazaré está sempre vestida para
matar -em todos os sentidos do
verbo- e o figurino, teatral como
a personagem, a acompanha por
todos os passos. A figurinista Beth
Filipecki, 52, explica que isso
acontece porque Naza "precisa
estar preparada para qualquer situação". "Ela perdeu a referência,
não tem limite", justifica.
E parece não ter de fato. Na semana passada, por exemplo, Nazaré usou uma blusa preta decotada, em renda, alças e mangas
transparentes caídas, e uma saia
com fenda até o meio da coxa. Para completar o visual, um cinto
largo com fivela grande de strass.
Nos dias 16 e 17, quando teve
um de seus maiores chiliques, ao
ganhar flores do vigarista Madruga, Nazaré usava uma calça de cor
cinza-prateado e uma blusa preta
estilo mulher-aranha. Com essa
mesma indumentária, tinha passeado, em baixo do sol quente, pelo bairro de Copacabana.
Renata Sorrah diz que o figurino de Nazaré é essencial para
compô-la, "é a segunda pele dela.
Já acorda montada. Ela se acha o
máximo, uma estrela". Filipeck
conta que ousa vestir Nazaré com
roupas "irritantes" porque Sorrah
deixa a personagem em casa. "A
Suzana Vieira vive o personagem
24 horas por dia, não consegue separar as coisas. Já com a Renata,
eu não corro esse perigo", explica.
Dos estilistas ouvidos pela Folha, a protagonista Maria do Carmo, vivida por Suzana Vieira, 62,
foi alvo das piores críticas. Bruno
Otaviano citou os materiais usados no guarda-roupa. "É muita
malha, muita lycra, muito feio.
Parece roupa do Bom Retiro."
O estilista Carlos Tuvfesson destacou o "cabelo armado", a maquiagem forte e a abundância de
estampas. Já a jornalista e colunista da Folha Erika Palomino, usou
a palavra "medonho" para falar
do guarda-roupa da personagem.
"Em geral, na novela, é tudo muito feio", afirmou.
Diversão garantida
Se não ajuda a delimitar o tempo em que a trama passa -início
dos anos 1990-, o figurino de
"Senhora" pode ser um espetáculo à parte para os mais atentos.
Além do figurino de Nazaré, do
brejeiro-brega de Maria do Carmo, do colorido cafona do núcleo
pobre e do sofisticado dos ricos e
dos falidos, a novela traz tiradas
divertidas nos capítulos.
No dia seguinte, sofrendo do
mal de Alzheimer, a baronesa
Laura (Glória Menezes), que usa
salto na sandália de casa, fez uma
visita vespertina ao enteado usando um longo dourado. Ela reconheceu o excesso: "Caprichei no
"toilette'". A nora, vivida por Angela Vieira, rebateu que ficou até
tímida em seu "vestidinho básico". O básico em questão era digno de uma "lady in red".
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