São Paulo, sábado, 28 de novembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice CINEMA "Caráter documental não pode ser perdido", diz no Rio Simon Wells, um dos diretores de "O Príncipe do Egito' Spielberg transforma Moisés em desenho
GUSTAVO AUTRAN da Sucursal do Rio Os desenhos animados estão abandonando os contos de fadas sem deixar de lado a fantasia. A exemplo do filme "Formiguinhaz", o épico "O Príncipe do Egito", com estréia prevista para o dia 25 de dezembro, busca o público adulto e ajuda a criar um novo padrão para o mercado de animação. "O filme pode atrair tanto crianças quanto adultos. É bem diferente do que a Disney realizou em 70 anos", considera Jeffrey Katzenberg, um dos sócios da produtora Dream Works, ao lado de Steven Spielberg e David Geffen. Katzenberg esteve no Rio esta semana, escoltado por Simon Wells (que dirige o filme junto com Brenda Chapman e Steve Hickner), o ator Jeff Goldblum e o desenhista de produção Darek Gogol, para divulgar sua nova cria. "O Príncipe do Egito" reproduz o episódio bíblico sobre a libertação do povo hebreu do império egípcio, registrado no livro "Êxodo", a partir da convivência entre os personagens Moisés e Ramsés. Depois de um longo período educados como se fossem irmãos, Moisés descobre sua origem hebraica no momento em que o "irmão" se prepara para ocupar o trono do Egito. De acordo com Wells, o filme tem compromisso com a história, apesar de se tratar de um desenho animado. "Com todo os efeitos especiais a que um épico tem direito, o caráter documental não pode ser perdido", observa. Para as cenas não perderem o realismo, o trabalho de pesquisa que antecedeu as filmagens foi essencial. Quatrocentos especialistas -entre egiptólogos, arqueólogos e até teólogos- foram convidados para assessorar a produção. A fantasia fica por conta da música, fundamental para dar encadeamento às cenas, e principalmente do arsenal de efeitos especiais. A trilha sonora é original, com elementos rítmicos do Oriente Médio. O destaque é o dueto com as cantoras Whitney Houston e Mariah Carey, que cantam "When You Believe". Os efeitos especiais são pioneiros. Com o auxílio de novas técnicas, os animadores integraram elementos em duas e três dimensões, sem emendas, numa mesma cena. Um artista egípcio auxiliou a produção para evitar distorções. "Não se pode mostrar milagre sem efeitos especiais. Esses recursos contribuem para criar os momentos mais emocionantes do filme e dar um toque humano à trama", analisa Katzenberg. Os desenhistas se inspiraram nos traços do ilustrador Gustave Doré, do pintor impressionista Claude Monet e no trabalho de David Lean, autor de "Lawrence da Arábia", para dar forma aos personagens e à paisagem. "O Príncipe do Egito" reuniu mais de 350 artistas, animadores e técnicos. O filme só foi concluído quatro anos depois de a idéia aparecer. Inicialmente, foram cogitados desenhos sobre a aventura de "Indiana Jones" e o futurista "Exterminador do Futuro". Mas a Dream Works acabou preferindo um filme sobre a saga do povo hebreu e os dez mandamentos, recebidos de Deus por Moisés. Katzenberg disse que o próximo filme produzido pela Dream Works , "Eldorado", já está sendo filmado. O ator Kenneth Branagh está no elenco, e a trilha sonora tem o cantor Elton John. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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