DA REPORTAGEM LOCAL

O diplomata e musicólogo Vasco Mariz, 81, é um ensaísta de grande erudição. Sua "Música Clássica Brasileira" pode tão bem analisar as peças mais relevantes de um compositor ou servir de porta de acesso para os menos iniciados.
É também, em suas 176 páginas, um livro honesto. Muitos dos compositores gastaram nos últimos cem anos mais energia em controvérsias políticas e estéticas que na anotação de pentagramas virgens.
Mariz circula equidistante entre todos eles. Não toma partido. Trata com a mesma deferência respeitosa a produção nacionalista de Camargo Guarnieri e o dodecafonismo de H.J. Koellreutter.
O autor é um "habitué". Ao lado de ensaios históricos e literários -é um dos especialistas em Ribeiro Couto-, são sobre música 13 dos livros que escreveu.
A "Música Clássica Brasileira" não é uma enciclopédia exaustiva, construída de verbetes. Mas transmite a segurança de que nada de importante ficou de fora, como o jogo de cargos públicos que em 1889 discriminou monarquistas (Carlos Gomes) e favoreceu republicanos (Alberto Nepomuceno). Ou ainda o papel de grande mentor de Mário de Andrade sobre a música brasileira na primeira metade do século 20.
O livro traz, por fim, um conjunto bem escolhido de ilustrações. São peças provenientes da Divisão de Música da Fundação Biblioteca Nacional.
(JOÃO BATISTA NATALI)

Música Clássica Brasileira
   
Autor: Vasco Mariz Editora: Andrea Jakobsson Estúdio Quanto: R$ 110 (176 págs.)