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MODA
Abertura dos desfiles, anteontem, foi marcada por estratégia de apresentar roupas masculinas vestidas por mulheres
Ações de marketing e mídia esquentam SPFW
João Wainer/Folha Imagem
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Desfile da Ellus, que fechou o
primeiro dia |
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Vestindo um otimista blazerzinho azul-turquesa, a
primeira-dama Marisa Letícia
sentou-se ao lado de seu estilista
favorito, Walter Rodrigues, para
assistir ao desfile do estilista Ricardo Almeida, dedicado à moda
masculina, autor dos ternos do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No mesmo prédio da Bienal, a
modelo Gisele Bündchen atraía a
atenção de todos, vestida desta
vez num macacão masculino de
risca-de-giz, com generosidade
no decote e economia nos sorrisos. Estava dada a partida na São
Paulo Fashion Week, o maior
evento da moda brasileira, que
prossegue até sábado mostrando
40 desfiles para a moda do outono-inverno 2003.
Deu certo a idéia de esquentar o
primeiro dia -tradicionalmente
masculino- com ações de marketing e mídia. Gisele foi a cereja
da coleção sisuda e compenetrada
de Ricardo Almeida, dentro dessa
tendência já vista nas passarelas
internacionais de colocar top models nas coleções masculinas.
A idéia foi levada às últimas
consequências na Ellus, que encerrou esse primeiro dia desfilando uma evoluída linha masculina
exclusivamente por meninas
(num ótimo casting, aliás). A
brincadeira era tentar visualizar
os paletós, calças soltas, o black
jeans em correto "deep" no índigo; camisas e a jaqueta bomber
-tendência- depois, em meninos. Dica: uma boa campanha.
Ou o consumidor da marca corre
o risco de não se identificar.
Mais definido e focado, Mario
Queiroz investiu na masculinidade clássica, numa coleção mangue
beat inspirada no maior cajueiro
do mundo, em Belém do Pará, e
camisas ganham bordados e estampas de galhos e folhas. Comercial com personalidade -e
brasileiro. Sem precisar levantar
bandeira.
Bandeira é conversa para Marcelo Sommer, que mostra sua coleção mais adulta e desenvolvida,
com bem-cuidada alfaiataria,
bom desenvolvimento de produto; nas malhas e suéteres; numa
deliciosa coleção que mistura
Rússia com a bandeira de São
Paulo, com jogos, fanfarra, barroco e clubbing.
É a primeira coleção depois de
sua associação com o empresário
João Paulo Diniz, e a injeção de
verbas e profissionalismo aparece
na passarela. Sommer conjuga
um vocabulário fashion global e
com este desfile celebra os fundamentos de seu estilo -e avança.
Hoje o tom dos desfiles deve ficar por conta da moda jovem,
com Alexandre Herchcovitch,
Caio Gobbi, Triton e Vide Bula,
que estréia no evento.
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