Uma experiência a performance de Vanessa Beecroft na Bienal, no domingo. Primeiro, a chuva absurda daquele dia. Depois, porque o público estava impaciente, batendo palmas e gritando para entrar. Se soubessem que não iria acontecer nada... Ou será que eles sabiam?
Depois de todos instalados, esperando começar algo, nada aconteceu. As modelos lá, paradas, no desconcertante "tableau vivant" proposto pela artista, num estilo desenvolvido a partir da observação das modelos nuas na escola de artes na Itália.
A confrontante nudez e a proximidade são pontos de partida para o trabalho, mas os pensamentos que nos ocorrem diante das mulheres (de vários tipos, mas sempre num padrão pré-definido) é que são a obra em si.
Com estilosos sapatos do estilista Azzedine Alaïa, elas ficam lá, de vez em quando cruzam olhares com a gente, umas enfrentando o público, outras se esquivando. Cansadas, se sentam, como o público. É o máximo de cumplicidade que criam.
O excesso de seguranças e sua bagunça tentando evitar fotos emprestou caos a mais. Os espectadores tanto são parte da obra que são filmados e fotografados, para o registro da performance, que também se torna obra (veja no piso superior).
E é esta a mais politizada obra da artista, que lida aqui com a herança negra do Brasil. Estar lá foi importante. E tem mais da Bienal, muito mais. O evento é fresco, jovem, vivo. Supervale.

MAIS DO SYNTHCORE
Descobrimos outra brasileira no mundo das gigolettes. Além da carioca Roberta, quem faz o site da Gigolo Records é a paulistana Daniela, 22, que se mudou para a Alemanha há três anos por causa do marido, alemão. Com ele, tem um projeto de streaming: "A gente faz festinha no nosso apê, chama DJs para tocar e disponibiliza nossa noite na internet", conta. Entre os DJs amigos, minha diva preferida do momento, Miss Kittin ("Ela é um amor de pessoa"). Daniela diz que já superou as dificuldades e as "pessoas opacas" de Munique e que quando não está de gigolette está fotografando com sua Lomo ou desenhando mangás. Mas ela deixa bem claro: "Se for uma gigolette significa gastar muita grana em roupas de marca e fazer carão em festas, não sou uma delas (aliás, nenhum dos artistas da Gigolo são carão). Mas, se fazer parte do grupo for se divertir nas Gigolo Parties, sou uma gigolette sim!". O site é www.gigolo-records.com.

TIPO CALMINHO
Vai relaxar no feriadón? Da série música para ouvir com incenso (chique, de rosas ou chá). Estou adorando "Seventeen Stars", da banda britânica The Montgolfier Brothers, que a Trama lançou por aqui, do selo hype Poptones. É um acústico melódico, com vocal suave e lindo, tipo música de câmara contemporânea, especial.

EGO EM ALTA
O Ego é um dos novos lugares para cuidar do corpo em SP, numa casa na avenida Europa (722). A dona é Paula Medeiros, que coloca o spa moderno no universo das festas: depois de aparecer no day club do Sirena, amanhã ela comemora seu aniversário na rave The Real Full Moon Party, em Camboriú.

FASHION: DIA 5
Não perca na próxima sexta, dia 5 de abril, o número 1 da revista "Moda", da Folha. Com projeto gráfico de Giovanni Bianco.

NOVOS TALENTOS
O evento de novos estilistas Hot Spot mudou e rola agora só para 300 convidados, na Casa Rhodia, de terça a quinta. Nomes para prestar atenção? Todos, mas aqui vão algumas apostas. Fábia Bercsek (terça) se inspira na Julieta de Shakespeare. O cearense Deoclys Bezerra (terça) trata da cultura grega. "Bafon, babado da mona", define Walério Araujo para o inverno, que tem jóias de Charlotte Maluf e styling de Paulo Martinez e Vanessa Monteiro. Wilson Ranieri trabalha sobre moulage, com styling de Mauricio Ianes (quinta) e Emilene Galende se inspira em Chapeuzinho Vermelho (atenção para as galochas da Alpargatas).

HYPE DO TÊNIS 2
Em alta total Puma e Adidas. As marcas vivem momento de culto. No Brasil, vai ter na Zoomp a partir de 15 de maio a linha Originals, que é a mais hype da Adidas, responsável pelo novo culto (já viu a publicidade nas revistas internacionais?). E a Puma, eu fui na loja deles em Paris, e eles têm peregrinação de fashionistas. Os novos símbolos são tudo, em t-shirts supercool, e as bolsas masculinas ou pequeninas, são tudo de bom. Confira, na mesma tendência, o livro "Back in the Days", sobre a era pré-hip hop em Nova York, com os melhores looks do NYC style.

NA NOITE ILUSTRADA
É feriadón e vai aqui um guia da noite em SP no finde. Hoje o Grind rola na Lôca e abre a noite Wicked, da Gláucia Mais Mais. Em seguida, na noite de tecno Wicked, tocam Ana e David, Gu, Nisek e Murphy. Na premiada Technova, no Lov.e, tocam Daniel U.M, J.Mario e Tech-Jun. Quem estiver em Maresias, pode conferir o set cool de Jackson Araujo na pistinha do Sirena, enquanto o residente Carlo Dall'Anese toca com o uruguaio Marcelo Castelli na pista principal. Erica Li mostra seu repertório de black music no Urbano e Pil Marques toca no Pix. Amanhã tem Acácio, Peter-X e André Ground no novo Susi in Transe (não, eu ainda não fui). Na Locurama da Lôca, Marcão Morcerf, Snoop e convidados. André Juliani e Mau Mau fazem a noite dos modernos na festinha Hello, no Pix (é uma das minhas favoritas na cidade), enquanto D-Julio se joga no tecno no seu clube Stereo, e Doctor, Paula e Jay-System tocam no Lov.e. George Actv, Chris e Ronald tocam na noite Extra, no Piranha. Pra quem quiser continuar, tem dois afters na madrugada de domingo, o do Lov.e, com Mau Mau e George Actv, e o Bondage, no Piranha, que está sendo considerado reencarnação do Hell's Club. Com praticamente o mesmo casting, a mesma escuridão e os mesmos óculos escuros.
E pra quem quiser continuar mais ainda (até as 17h), sobra o pós-after do Susi In Transe, devidamente chamado de Insomnia, com o sensacional DJ Julião. Haja saúde clubber. Esse after-after está bem com cara de Trade. No domingo tem mais uma edição do Grind e também a noite de house e tech-house Phum, projeto do DJ Acácio, que vem fazendo um bonito e romântico trabalho de promoção e divulgação da música eletrônica. Confira os endereços e guia completo no site www.erikapalomino.com.br.