São Paulo, sexta-feira, 29 de março de 2002

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CINEMA/ESTRÉIA

Em seu 20º aniversário, uma das ficções científicas mais famosas da história do cinema estréia no Brasil em versão remasterizada e reeditada

ET volta a chamar

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

E.T., o extraterrestre que virou sinônimo de alienígena no mundo inteiro, popularizou a frase "E.T. phone home", faturou US$ 720 milhões só de bilheteria de cinema, inspirou programa de TV ("Alf, o ETeimoso") e, no Brasil, ganhou até quadro na extinta "TV Pirata" ("Manoalf, o ETremoços", uma versão lusa), voltou a telefonar na semana passada e chega hoje às salas de cinema de São Paulo.
É a versão remasterizada e reeditada de uma das ficções científicas mais famosas da história do cinema, "E.T. - O Extraterrestre", que mereceu versão especial comandada pelo diretor Steven Spielberg por ocasião do 20º aniversário do filme.
Veja abaixo o que mudou na história do extraterrestre deixado para trás na Terra por sua família que acaba se envolvendo com o menino Elliott (Henry Thomas), sua mãe (Dee Wallace-Stone) e seus irmãos (Drew Barrymore e Robert MacNaughton):
* Há 2min30s de cenas inéditas. A primeira é de E.T. tomando banho de banheira enquanto Elliott fala com sua mãe ao telefone, que havia sido cortada por limitações técnicas (o boneco era muito poroso e absorvia a água), resolvidas agora com recursos digitais;
* A outra mostra a mãe do menino indo procurar os filhos de carro na noite do Dia das Bruxas;
* No final do filme, os policiais perseguiam os garotos com revólveres. Spielberg apagou as armas e colocou walkie-talkies nas mãos dos soldados, que continuam engraçadamente com o dedo num gatilho invisível;
* Cortou também a fala "Sem revólveres! Eles são apenas crianças", por motivos óbvios, e mudou uma palavra do diálogo em que o filho mais velho dizia à mãe que sairia fantasiado de "terrorista". Pós 11/9, virou "hippie";
* Algumas cenas da famosa corrida espacial de bicicleta foram refilmadas com mais recursos tecnológicos, usando dublês magros e pequenos como atores;
* O som foi todo refeito e quase todas as cenas em que aparece o E.T. ou sua nave-mãe ganharam uma "maquiagem" digital, deixando tudo mais "real".
Os apelos analógicos do homenzinho de metro e pouco de altura, no entanto, não chegaram a impressionar uma platéia desmamada com leite digital. Em sua reestréia nos EUA, no fim de semana passado, o filme ficou em 3º lugar, com modestos US$ 15,1 milhões de bilheteria.
Perdeu para o ultraviolento "Blade 2" (US$ 33,1 milhões), continuação baseada na HQ homônima, e para a animação "A Era do Gelo" (US$ 31,1 milhões), dois sucessos predominantemente adolescentes. Sinal dos tempos? Provavelmente.

Que fim levaram
Se "E.T." marcou a vida de muito espectador pelo mundo, o mesmo não se pode dizer de grande parte de seus participantes. Com exceção do diretor Steven Spielberg, obviamente, de Drew Barrymore e, em menor grau, de Peter Coyote, o resto despontou para o anonimato.
A mãe, Dee Wallace-Stone, 52, fez dezenas de filmecos e hoje é professora de técnicas motivacionais e auto-ajuda. O irmão mais velho, Robert MacNaughton, 35, trabalha de empacotador num posto de correio do Arizona.
Já o próprio Elliott, o ator Henry Thomas, 30, estreou exatos 30 filmes depois de "E.T.", com apenas um sucesso, "Lendas da Paixão", com Brad Pitt. Esperou em vão ser chamado por Spielberg para o elenco de "O Resgate do Soldado Ryan". Agora, faz uma pequena participação no próximo Martin Scorsese, "Gangues de Nova York".
Ah, sim: a voz do alienígena teve melhor sorte. É Debra Winger, em participação não-creditada, que desde então virou uma das atrizes mais respeitadas de Hollywood, com papéis em "Atraiçoados", "O Céu que Nos Protege", "Laços de Ternura" e "A Força do Destino", entre outros.

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