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MÚSICA/LANÇAMENTOS
Artista lança álbum "Outro" e produz CD do pai
Jairzinho, Jair, Jairzão
DA REPORTAGEM LOCAL
Tentando concluir a longa travessia à vida adulta, o sempre Jairzinho, 27, se torna Jair Oliveira ao
lançar "Outro", seu segundo álbum da fase Trama. Ao mesmo
tempo, vitamina outra face, produzindo o novo disco de um outro Jair, o Rodrigues, 63, seu pai.
Sob o fantasma do pequerrucho
que cantava na Turma do Balão
Mágico, Jairzinho, ops, Jair acumulou graduações para chegar ao
atual estágio duplo. Formou-se
em música, especializado em produção, em Berklee. Estagiou na
Elektra de Nova York, acompanhando gravações black power de
Missy Elliott, Busta Rhymes etc.
O advento da Trama possibilitou sua entrada no mercado como cantor e autor, mas ele alimenta o sonho de conciliação.
"Minha carreira de produtor é tão
importante quanto a outra, porque elas se complementam", diz.
Percorrendo vias de rhythm'n"
blues, samba, samba-jazz e black
Rio, "Outro" lida com eletrônica,
mas dá guarida a artistas de outros tempos, como o baladeiro setentista Don Betto e o crooner
paulistano José Domingos.
Esse último declama, em vinheta, um poema a São Paulo, que se
cola a "Uma Outra Beleza", inegável réplica de Jair a "Sampa", de
Caetano Veloso. "Adoro "Sampa",
tanto letra quanto melodia, mas
discordo um pouco da mensagem
que passa. Fico pensando na "deselegância discreta" das meninas
daqui e não concordo. O que não
há aqui é praia, biquíni, mas elas
são bonitas, elegantes. Não tenho
vergonha de dizer que sou um
músico paulistano", desabafa.
"Vergonha", por quê? "Falo assim para não parecer bairrista,
não porque não tenha orgulho",
explica ele, que não dispensa o socorro dos vocais cariocas de Ed
Motta, co-autor e co-cantor de
"Amor e Saudade".
O balanço de gerações musicais
se repete no outro trabalho, o de
produzir o primeiro CD de estúdio de Jair Rodrigues em quatro
anos. Entre os mais jovens, trouxeram a participação de uma das
figuras de ponta do rap paulistano, Rappin" Hood. Jair pai conta:
"Em 64, gravei "Deixa Isso pra
Lá", que hoje é considerada uma
precursora do rap. No ano seguinte, gravei outra da mesma
praia, "Ziguezague", de que agora
me lembrei. Tivemos a idéia de
colocar o Wilson Simoninha para
cantar comigo, e Rappin" Hood
faz um rap novo dentro da faixa".
Olhando para o outro lado da
ponte, Jairzão gravou "Saudosa
Maloca", como homenagem ao
sambista-símbolo de São Paulo
Adoniran Barbosa. Subindo uma
geração na homenagem, regravou um dos primeiros sucessos da
ex-parceira Elis Regina. Registrou
"Arrastão", segundo Jairzinho,
nos tons femininos que Elis usava.
No dia em que a Folha acompanhou pai e filho no estúdio, eles
gravavam o samba-rock "Meu
Guarda-Chuva", de Jorge Ben,
lançada por Elizabeth Viana e recentemente tornada cult com a
moda samba-rock. Agora Jair revela que foi composta para ele.
"Quando era solteiro, eu e Jorge
saíamos sempre juntos para a
noite de São Paulo. Uma vez estava chovendo, e íamos saindo
quando minha namorada apareceu querendo ir junto. Dei alguma
desculpa, falei que só eu tinha
guarda-chuva, e nos mandamos.
Jorge só dava risada, e fez a música no carro mesmo", conta.
O novo disco do primeiro Jair só
deve sair no segundo semestre. O
"Outro" já está no mercado.
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