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São Paulo, sábado, 29 de março de 2003

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FESTIVAL DE CURITIBA

Duas adaptações de textos do escritor Caio Fernando Abreu mostram que temática homossexual dispensa guetos

Peças endossam a paixão sem gênero

SERGIO SALVIA COELHO
ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Depois de uma etapa de afirmação, a temática homossexual no teatro já não necessita de um gueto. Contornando armadilhas, como a do rótulo "gay play", ou da ostentação que acaba reforçando estereótipos, duas peças baseadas em textos de Caio Fernando Abreu (1948-96) vêm atraindo um público que não precisa dizer o nome de seu amor.
"Pela Noite", da Cia. de Teatro Sujo de Juiz de Fora, retraça a trajetória de um encontro entre um intelectual e um rapaz. A quebra de unidade de lugar -uma via-crucis em bares e becos- é alinhavada pela unidade de tempo: pela noite, os atores percorrem cenários à beira da platéia circular. Esse "cubismo" é reforçado por uma marcação coreografada que sabe se apagar quando os atores endossam o realismo dos diálogos ágeis adaptados por Renato Farias. Elegante, mas um pouco afetado, a peça ainda apresenta o amor homossexual como um trevo de quatro folhas.
Mais despojado, e por isso mais eficiente para romper resistências, a adaptação de "Réquiem para um Rapaz Triste", monólogo de e por Rodolfo Lima, sabe expor a solidão de um ser que não segue o autodeboche do travesti nem o simulacro do homem representando uma mulher. Faz prevalecer o essencial das fábulas de Caio Abreu: o amor que transcende gêneros e acolhe solidões.


O jornalista Valmir Santos, a repórter-fotográfica Lenise Pinheiro e o crítico Sergio Salvia Coelho viajam a convite da organização do 12º FTC.


"Pela Noite" e "Réquiem para um Rapaz Triste":    


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