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Crítica/"Os Falsários"
Vencedor de Oscar faz síntese eficiente da barbárie nazista
Austríaco "Os Falsários" conta história real de judeu que falsificava dinheiro
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Como tema do cinema de
ficção, o nazismo sobrevive: apenas nos últimos meses, entraram em cartaz "O Menino do Pijama Listrado", "Um Homem Bom", "O
Leitor", "Operação Valkíria" e
"Um Ato de Liberdade" -uns
baseados em literatura, outros
em argumentos originais.
Azar do austríaco "Os Falsários" (2007), que foi realizado
antes, mas só agora chega ao
Brasil, e tem a oferecer uma
história pouco conhecida, a do
Projeto Bernhard, que se destinava à produção de libras e dólares falsos pelos nazistas com
o auxílio de presos dos campos
de concentração.
Premiado com o Oscar de filme estrangeiro em 2008, essa
reconstituição do episódio se
apoia no livro de memórias
"Des Teufels Werkstatt" (A oficina do diabo), do eslovaco
Adolf Burger, mas adota como
protagonista o russo Salomon
"Sally" Sorowitsch, livremente
inspirado em personagem verídico, Salomon Smolianoff.
Preso em 1936 por falsificação de dinheiro e documentos
em Berlim, "Sally" (interpretado por Karl Markovics) vai parar em um campo de concentração com o início da Segunda
Guerra Mundial.
Retirado de lá pelo mesmo
policial que o deteve para trabalhar no Projeto Bernhard,
aceita a tarefa de colaborar com
seus algozes para sobreviver.
Os demais recrutados pensam da mesma forma, exceto
Adolf Burger (August Diehl),
que prega o boicote sistemático
à operação, custe o que custar,
inclusive a própria vida.
Dilema moral
Está apresentado, a partir
daí, o dilema moral que o diretor e roteirista Stefan Ruzowitzky explora em registro semidocumental, destacando o
sentimento de opressão.
À medida que a derrocada
nazista se anuncia, o filme percorre uma escalada: sereno (e
às vezes quase anedótico) no
início, vai se tornando sombrio
e violento. Uma de suas sequências mais impactantes,
contudo, não envolve disparo
de armas nem sangue; resume-se a um breve momento de humilhação num banheiro.
O efeito desse rebaixamento
moral sobre o sempre equilibrado "Sally" é devastador, e
"Os Falsários" lida bem com a
sua "perda do eixo". Apesar de
tudo o que havia experimentado e visto até então, foi ali que
se sentiu deixando de ser humano, em síntese eficiente da
barbárie nazista.
OS FALSÁRIOS
Produção: Áustria/Alemanha, 2007
Direção: Stefan Ruzowitzky
Com: Karl Markovics, August Diehl e
Devid Striesow
Onde: estreia hoje, no Espaço Unibanco
Augusta, Cine UOL Lumière e circuito
Classificação: não indicado para menores de 14 anos
Avaliação: bom
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