São Paulo, sexta-feira, 29 de maio de 2009

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Crítica/"Os Falsários"

Vencedor de Oscar faz síntese eficiente da barbárie nazista

Austríaco "Os Falsários" conta história real de judeu que falsificava dinheiro

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Como tema do cinema de ficção, o nazismo sobrevive: apenas nos últimos meses, entraram em cartaz "O Menino do Pijama Listrado", "Um Homem Bom", "O Leitor", "Operação Valkíria" e "Um Ato de Liberdade" -uns baseados em literatura, outros em argumentos originais.
Azar do austríaco "Os Falsários" (2007), que foi realizado antes, mas só agora chega ao Brasil, e tem a oferecer uma história pouco conhecida, a do Projeto Bernhard, que se destinava à produção de libras e dólares falsos pelos nazistas com o auxílio de presos dos campos de concentração.
Premiado com o Oscar de filme estrangeiro em 2008, essa reconstituição do episódio se apoia no livro de memórias "Des Teufels Werkstatt" (A oficina do diabo), do eslovaco Adolf Burger, mas adota como protagonista o russo Salomon "Sally" Sorowitsch, livremente inspirado em personagem verídico, Salomon Smolianoff.
Preso em 1936 por falsificação de dinheiro e documentos em Berlim, "Sally" (interpretado por Karl Markovics) vai parar em um campo de concentração com o início da Segunda Guerra Mundial.
Retirado de lá pelo mesmo policial que o deteve para trabalhar no Projeto Bernhard, aceita a tarefa de colaborar com seus algozes para sobreviver.
Os demais recrutados pensam da mesma forma, exceto Adolf Burger (August Diehl), que prega o boicote sistemático à operação, custe o que custar, inclusive a própria vida.

Dilema moral
Está apresentado, a partir daí, o dilema moral que o diretor e roteirista Stefan Ruzowitzky explora em registro semidocumental, destacando o sentimento de opressão.
À medida que a derrocada nazista se anuncia, o filme percorre uma escalada: sereno (e às vezes quase anedótico) no início, vai se tornando sombrio e violento. Uma de suas sequências mais impactantes, contudo, não envolve disparo de armas nem sangue; resume-se a um breve momento de humilhação num banheiro.
O efeito desse rebaixamento moral sobre o sempre equilibrado "Sally" é devastador, e "Os Falsários" lida bem com a sua "perda do eixo". Apesar de tudo o que havia experimentado e visto até então, foi ali que se sentiu deixando de ser humano, em síntese eficiente da barbárie nazista.


OS FALSÁRIOS
Produção: Áustria/Alemanha, 2007
Direção: Stefan Ruzowitzky
Com: Karl Markovics, August Diehl e Devid Striesow
Onde: estreia hoje, no Espaço Unibanco Augusta, Cine UOL Lumière e circuito
Classificação: não indicado para menores de 14 anos
Avaliação: bom



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