|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PELO BRASIL
Atriz Florinda Bolkan estréia como diretora
PAULO MOTA
da Agência Folha, em Fortaleza
A atriz Florinda Bolkan, brasileira que fez uma carreira de sucesso
no cinema italiano, está no Ceará,
seu Estado natal, iniciando as filmagens de seu primeiro trabalho
como diretora.
Sua proposta é fazer um filme
que traga um olhar feminino sobre as características universais da
cultura nordestina, os dilemas de
sua gente, mostrando o lado mais
urbano do Ceará e fugindo dos clichês do discurso regionalista.
O filme "Eu Não Conhecia Tururu" começou a ser rodado em
Fortaleza (CE) na semana passada.
A paisagem cearense estará presente também em locações feitas
na praia de Canoa Quebrada e na
serra de Guaramiranga.
O roteiro do filme foi concebido
por Bolkan e se desenvolve a partir
do reencontro de quatro irmãs na
festa de casamento de uma delas,
na casa de uma fazenda imaginária no sertão nordestino, na qual
vive a matriarca da família.
Bolkan ressalta que, apesar da
localização geográfica da casa, seu
filme não será mais um falando
sobre "a seca, a miséria e aquela
imagem que se convencionou ter
do Nordeste".
"Isso vai estar presente, mas
procuraremos desenvolver nossa
história relatando a experiência de
vida das personagens, que são essencialmente cosmopolitas. O cearense é um migrante por natureza
e sempre que volta traz alguma
coisa de outras culturas. Vamos
mostrar como é esse movimento", diz Bolkan.
Imagens do futurista aeroporto
internacional de Fortaleza, recentemente inaugurado, e dos luxuosos edifícios da orla da cidade
compõem o cenário do "Ceará
urbano" retratado por Bolkan.
"Quero mostrar o universo urbano nordestino, que ainda é muito pouco explorado no cinema."
Apesar de não aceitar o rótulo de
filme autobiográfico, Bolkan diz
que "Eu Não Conhecia Tururu"
reflete sua experiência de vida.
Nascida em Uruburetama (107 km
a oeste de Fortaleza), Bolkan morou por 30 anos na Itália.
No filme, duas das quarto irmãs
moram na Itália e nos Estados
Unidos. As outras permaneceram
na terra natal. "É provável que cada uma delas tenha um pouco de
minha alma", afirma.
A casa da fazenda mostrada no
filme remete à residência dos avós
de Bolkan, na qual costumava passar as férias na infância.
A arquitetura tem estilo grego e
evoca um ambiente de tom confessional. É nela que as irmãs desenvolvem densos diálogos, dissecando suas existências.
Bolkan evita caracterizar seu filme como drama, comédia ou
aventura. "Tem um pouco de tudo, mas é antes de tudo uma abordagem de questões universais como o feminino, a felicidade, o
amor, a política e o poder", diz.
Orçado em R$ 2 milhões, o filme
traz no elenco Maria Zilda Bethlem, Herson Capri, Ingra Liberato, Marcelo Serrado e a própria
Bolkan. O elenco auxiliar tem 90
atores, a maioria recrutada no Instituto Dragão do Mar, uma escola
de cinema mantida pelo governo
cearense.
Os recursos para o filme foram
captados com base na Lei Jereissati e na Lei do Audiovisual.
O lançamento está previsto para
dezembro próximo, e o filme está
sendo negociado para ser exibido
também no mercado italiano, no
qual Bolkan fez sucesso como atriz
nas décadas de 60 e 70.
A direção de fotografia é assinada pelo argentino Félix Monti, que
fez "A História Oficial" em seu
país e, mais recentemente, "O
Que é Isso, Companheiro?" e "O
Quatrilho".
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|